A 1ª morte suspeita de Febre Oropouche que liga o PR a SC foi de homem de apenas 57 anos

A morte de um homem de apenas 57 anos com suspeita de Febre Oropouche preocupa pesquisadores de Santa Catarina, Paraná e do Ministério da Saúde. Uma nota enviada no final desta segunda-feira pela Secretaria do Estado da Saúde do Estado mostra que o Ministério da Saúde e a Secretaria de Saúde do Paraná e a entidade estão juntas investigando a morte.

O homem, teria, segundo a investigação, supostamente, se infectado pela doença em Santa Catarina, mas morreu em abril no Paraná, onde também teve atendimentos em saúde.

Durante a investigação, foi estabelecido que o local provável da transmissão foi em Santa Catarina, uma vez que o paciente teve registro de viagem ao estado. Neste momento Santa Catarina não investiga outros casos suspeitos de óbito pela doença.

Segundo a SES, ainda não se sabe se o homem tinha outras doenças relacionada a infecção por Febre Oropouche que podem ter contribuído com a morte.

Os municípios com maior número de casos confirmados são Luiz Alves (65), Botuverá (35) e Blumenau (09). Santa Catarina tem 140 casos confirmados até o momento, sem nenhum registro de óbito no estado.

Mas, o que fez a Febre Oropouche aparecer? O que ela é?

Segundo o Ministério da Saúde, a Febre do Oropouche (FO) é uma doença causada por um arbovírus (vírus transmitido por artrópodes) do gênero Orthobunyavirus, da família Peribunyaviridae. O Orthobunyavirus oropoucheense (OROV) foi isolado pela primeira vez no Brasil em 1960, a partir de amostra de sangue de uma bicho-preguiça (Bradypus tridactylus) capturada durante a construção da rodovia Belém-Brasília.

Desde então, casos isolados e surtos foram relatados no Brasil, principalmente nos estados da região Amazônica. Também já foram relatados casos e surtos em outros países das Américas Central e do Sul (Panamá, Argentina, Bolívia, Equador, Peru e Venezuela).

A transmissão da Febre Oropouche é feita principalmente por mosquitos. Depois de picar uma pessoa ou animal infectado, o vírus permanece no sangue do mosquito por alguns dias. Quando esse mosquito pica outra pessoa saudável, pode transmitir o vírus para ela.

Existem dois tipos de ciclos de transmissão da doença:

  • Ciclo Silvestre: Nesse ciclo, os animais como bichos-preguiça e macacos são os hospedeiros do vírus. Alguns tipos de mosquitos, como o Coquilletti diavenezuelensis e o Aedes serratus, também podem carregar o vírus. O mosquito Culicoides paraenses, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora, é considerado o principal transmissor nesse ciclo.
  • Ciclo Urbano: Nesse ciclo, os humanos são os principais hospedeiros do vírus. O mosquito Culicoides paraenses também é o vetor principal. O mosquito Culex quinquefasciatus, comumente encontrado em ambientes urbanos, pode ocasionalmente transmitir o vírus também.

Similares aos sintomas da dengue, as principais reações provocadas pelo vírus são dor de cabeça, dores musculares, náusea e diarreia. Também pode evoluir em um pequeno número de casos para diagnósticos mais graves, como manifestações neurológicas.

Atualmente, não existe vacina ou tratamento específico para a doença. Pacientes que possuírem sinais e sintomas devem permanecer em repouso, realizando o tratamento sintomático e mantendo acompanhamento médico.

No último dia 18 a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) emitiu um alerta epidemiológico informando seus Estados membros sobre a identificação de possíveis casos, atualmente em investigação no Brasil, de transmissão do vírus Oropouche (OROV) da mãe para o bebê durante a gestação. O alerta recomenda reforçar a vigilância ante a possível ocorrência de casos similares em outros países com a circulação do OROV e outros arbovírus.

Entre janeiro e meados de julho de 2024, quase 7.700 casos confirmados de Oropouche foram notificados em cinco países das Américas, com o Brasil registrando o número mais alto (6.976), seguido pela Bolívia, Peru, Cuba e Colômbia. A identificação de suspeitas de transmissão do vírus da gestante para o bebê ocorre no contexto deste aumento de casos notificados.

Em caso recente, uma gestante residente no estado de Pernambuco apresentou sintomas de Oropouche durante a 30ª semana de gestação. Após confirmação laboratorial da infecção por OROV, foi posteriormente reportada a morte do feto. Um segundo caso suspeito foi notificado no mesmo estado brasileiro – onde sintomas semelhantes foram observados em uma gestante – e resultou em um aborto espontâneo.

Prevenção

Para controlar a doença, a OPAS faz um chamado aos países da região para implementarem medidas de prevenção e controle de vetores, incluindo o fortalecimento da vigilância entomológica, a redução das populações de mosquitos e outros insetos transmissores, bem como a conscientizar a população sobre medidas de proteção pessoal, especialmente gestantes, para prevenir picadas.

Entre as medidas recomendadas estão: proteger as residências com mosquiteiros de malha fina nas portas e janelas, usar roupas que cubram pernas e braços, principalmente em casas onde alguém esteja doente; aplicar repelentes contendo DEET, IR3535 ou icaridina e usar mosquiteiros nas camas ou móveis onde as pessoas descansam.

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