Por Nícola Martins
Acompanhando programas de debate em canais de notícias, mais uma vez, ouvi que a eleição de 2024 tende a ser tão importante que determinará uma histórica mudança de rumos. Um dos debatedores chegou a dizer que será a “eleição de nossas vidas”. Mas já conhecemos esse discurso. Ele é usado, a cada dois anos, como se a eleição fosse o foco de um país, mas as nossas vidas estão muito além de um processo eleitoral.
Na minha humilde opinião, as nossas vidas é que deveriam moldar o processo eleitoral e não o contrário. O cidadão comum, pagador de altos impostos, acorda cedo, trabalha, volta pra casa, clama por um fim de semana de lazer, descansa e retoma a rotina diária. Quando ele pensa em eleição? Quando ela chega e ele precisa decidir sobre quem o representará durante os próximos quatro anos.
Não somos educados para a política e nem para o processo eleitoral. Concluímos o Ensino Médio sabendo – com razão – fórmulas matemáticas e química orgânica, mas desconhecemos a Constituição Federal. Como professor de Administração Pública da Unesc, percebo que os acadêmicos ficam extremamente interessados quando abordamos tripartição de poderes e as responsabilidades dos entes. No entanto, isso é algo que deveria ser ensinado muito antes. A nossa educação falha ao não tratar sobre política com os jovens.
A educação para a política passa por compreender, independentemente do local onde estamos e trabalhamos, que ela está presente e nossa reação perante as adversidades e desafios é que moldam o processo eleitoral. Em 2024 teremos a eleição de nossas vidas? É claro que não. Em 2024, teremos um processo eleitoral que será reflexo do que queremos para nossas vidas. Assim como foi em 2018, 2020, 2022 e será em 2026, 2028, 2030 e em todos os demais pleitos que virão.
Nícola Martins (PSDB) é jornalista e vereador por Criciúma.