Os cenários pré-eleitorais de Chapecó e Lages são bem distintos, como as duas cidades, mas trazem similaridades interessantes. Em ambas desponta um nome como favorito, mas um ex-prefeito filiado ao MDB está disposto a contrariar os prognósticos.
Claro que há outros nomes na disputa de Chapecó e Lages, especialmente enquanto não se confirmam as candidaturas oficiais nas convenções, mas há tendência de polarização nas duas cidades, especialmente pelas indefinições nos partidos que tradicionalmente polarizam o poder.
Chapecó tem João Rodrigues favorito e Buligon de volta
Em Chapecó, o favorito é o atual prefeito João Rodrigues, do PSD. Em 2020 ele retornou à prefeitura, que já ocupara duas vezes, para reiniciar sua trajetória política após dois mandatos como deputado federal e o desgaste pela condenação no caso da compra de uma retroescavadeira quando era vice-prefeito de Pinhalzinho, nos anos 1990. O caso chegou a levá-lo à prisão, antes que o julgamento fosse anulado pelo Supremo Tribunal Federal.
Na prefeitura, João Rodrigues mostrou seu estilo. A facilidade de comunicação e o confronto aberto com os adversários, especialmente à esquerda, fizeram com que voltasse ao radar das disputas estaduais. É hoje o nome do PSD para concorrer a governador ou senador em 2026. Mas, antes, precisa confirmar o prestígio em Chapecó com a reeleição.
Com o tradicional rival PT ainda em dúvida sobre o nome que coloca na disputa – se a deputada estadual Luciane Carminatti ou o deputado estadual Padre Pedro, que mudou o domicílio eleitoral de Guaraciaba para Chapecó este ano – o antagonista principal pode ser um ex-prefeito e ex-aliado: Luciano Buligon.
Prefeito entre 2016 e 2000, Buligon esteve filiado ao PSB e ao PSL em seu mandato – mudança partidária após ter sido forçado a deixar o PSB por ter apoiado Jair Bolsonaro na eleição presidencial de 2018. Em 2020, optou por não apoiar João Rodrigues e viu seu candidato, , amargar a quarta colocação.
Sem sucesso na disputa por uma vaga na Assembleia Legislativa em 2022, pelo Republicanos do ex-governador Carlos Moisés, Buligon retornou ao partido de sua origem política, o MDB, e é aposta da legenda para mexer com o cenário da cidade.
Lages tem favoritismo de Carmen e Elizeu no jogo
Na cidade de Lages se repetem de forma muito semelhantes as trincheiras – uma pré-candidatura favorita, um ex-prefeito emedebista e indefinição naquele que seria o principal antagonista.
A favorita, no caso lageano, é a deputada federal Carmen Zanotto (Cidadania). Ela retornou à Câmara dos Deputados em junho depois de 17 meses na Secretaria Estadual de Saúde do governo Jorginho Mello (PL). Ela conta com a exposição no cargo, o apoio do PL do governador e uma ampla aliança para o “algo a mais” que faltou em 2020, quando perdeu a disputa para o prefeito Antonio Ceron (PSD) por apenas 56 votos.
Entra nessa conta o desgaste político do PSD após o afastamento de Ceron da prefeitura por cinco meses ao longo das investigações da Operação Presságio, em que o pessedista responde como réu do suposto esquema de corrupção na relação da prefeituras catarinenses e empresas de coleta de lixo.
O PSD, que tem como principal liderança na cidade o ex-governador Raimundo Colombo, não vai lançar candidato a prefeito este ano. O partido tem como alternativas o apoio ao procurador aposentado Lio Marin, ex-chefe do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), filiado ao União Brasil, ou o vice-prefeito Juliano Polese (PP).
Nessa indefinição quem surge como polarizador do cenário é o ex-prefeito Elizeu Mattos, eleito em 2012. Sua ascenção política foi interromida em 2014, quando foi acusado de integrar o esquema de corrupção investigado pela Operação Águas Frias, do MPSC. Chegou a ser afastado do cargo por um ano e condenado. O emedebista ainda recorre da decisão no Tribunal de Justiça.