Coluna do Loetz: Atraso nas obras da BR-280 preocupa lideranças e afeta a região

Ausência do DNIT revolta lideranças e ameaça logística de SC

A longa espera por obras de duplicação da BR-280, no trecho do lote 1, entre a BR-101 e o Porto de São Francisco do Sul mobiliza entidades empresariais e políticos de Joinville, Araquari e São Francisco do Sul. No encontro realizado na segunda-feira, na Associação Empresarial de Joinville, ficou claro o inconformismo para com a situação.

Uma comissão será formada para encaminhar pedidos de agilidade ao governo federal e encontrar uma frente de trabalho emergencial para reduzir os impactos do atraso das obras sobre a economia e qualidade de vida.

Dezesseis % do Produto Interno Bruto de Santa Catarina estão concentrados na região. A população de São Francisco do Sul aumentou 40 % nos últimos dez anos. A movimentação portuária cresceu 30 % no mesmo período.

Os congestionamentos na rodovia federal já não estão restritos a alguns períodos da semana ou a algumas horas do dia. O tráfego é lento diariamente, e em qualquer horário. O tamanho do problema cresceu junto com a expansão dos negócios – e isso acontece porque nada é feito.

Promessa de duplicação com obras acabadas não faltaram. Deveriam estar prontas há anos.

Fala de lideranças empresariais e políticas resume o quadro: – o DNIT é o dono do problema e ele tem de prover solução.

O crescimento na região, principalmente em Araquari, resulta que há 822 interferências na rodovia, a partir de construção de estabelecimentos próximos da rodovia e nas ruas e estradas laterais. 60 % deles estão no trecho de Araquari. E uma solução provisória – imediata – precisa ser encontrada para estes 11 quilômetros mais críticos.

Daí, é fácil concluir que, sim, estamos perto de um apagão logístico muito grave.

O prefeito de Araquari, Clenilton Pereira, é claro: – chegamos ao fundo do poço.

Quando as principais lideranças empresariais e políticas da região se reúnem para debater, de novo, o assunto, isso quer dizer algo. Quer dizer que todos sabem que o problema só vai aumentar nos próximos anos. Todos sabem que não há solução rápida. Todos sabem que o governo federal pouco se importa com o que ocorre na rodovia.

A ausência do superintendente do DNIT no encontro foi duramente criticada. Frases como “O DNIT vem nos enganando há muito tempo”. Ou “Estamos esquecidos”. Ou “Ninguém olha por nós” foram ditas na reunião.

Houve, até mesmo, quem propusesse fazer uma grande mobilização popular, às margens da rodovia, em fevereiro ou março de 2025, como forma de protesto e para chamar a atenção de Brasília para o tema.

Não. Isso não vai acontecer. É um arroubo no calor das discussões. Ou uma fala calculada para obter repercussão.

Uma sugestão apresentada: estadualizar o trecho do lote 1, com seus 36 quilômetros, e, depois, fazer concessão para a iniciativa privada. Essa alternativa também parece pouco factível, dadas as pré-condições políticas exigidas.

Ao final, restou o reconhecimento de que “nosso discurso é fraco”.

Diante dessa constatação, houve até quem dissesse: “a gente aceita passivamente o que fazem com Santa Catarina”. Parece verdade.

Sim: o lote 1 da BR-280 é o maior gargalo logístico de Santa Catarina e está em colapso estrutural.

Será necessário fazer um novo projeto para as obras de duplicação. E isto vai demorar pelo menos dois anos. Somente a partir daí que haverá nova licitação para se pensar nas obras.

Tradução: a duplicação vai demorar pelo menos cinco anos.

Preparemo-nos para muito engarrafamento, muita perda de tempo, redução de lucratividade e de competitividade empresarial.

Também haverá muito mais acidentes. Mais mortes na estrada. Mais revolta. Mais reuniões. Mais viagens a Brasília…

Novo comando

A contadora Carolina Loth Krstzer foi eleita presidente da Associação de Joinville e Região das Micro e Pequenas Empresas (Ajorpeme). A posse será em janeiro de 2025 para mandato de um ano. Será a oitava mulher a dirigir a entidade empresarial. Vai suceder a Patrícia Furlan Hille no cargo.

E o dólar a R$ 6

O pacote de contenção de despesas apresentado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vai na direção certa. O problema foi a forma, com a introdução do projeto que institui isenção de imposto de renda para quem tem ganhos de até R$ 5 mil, valendo a partir de 2026.

Essa fatia do pacote a oposição e nem os donos do capital aceitam. A questão é menos de compatibilizar receitas com despesas, mas de saber de onde virá o dinheiro e de quem se vai tirar privilégios.

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