Prestes a completar vinte anos, o Folianópolis não está só consolidado como o evento que mais atrai turistas para a capital catarinense. Ele virou uma franquia bem-sucedida. Está sendo “exportado” para outras cidades do Brasil, como Curitiba e Ribeirão Preto. Os planos são de expansão em 2025, de acordo com o empresário Doreni Caramori Jr, diretor do Grupo All, empresa responsável pela micareta de axé que reuniu cerca de 50 mil pessoas na passarela Nego Quirido nos três dias de festa no mês passado. Nesta entrevista à coluna, Doreni também fala sobre as principais pautas da Associação Brasileira dos Produtores de Eventos (Abrape).
Qual o balanço sobre o Folianópolis 2024, especialmente com relação ao turismo?
Extremamente positivo. O balanço de um evento consolidado, que apresentou um crescimento interessante de faturamento. Os números passaram de dois dígitos, muito bom para um evento desse tamanho. Mais uma vez, o número de visitantes únicos passou dos 11 mil, o que posiciona o Folianópolis como o evento que mais atrai turistas a Florianópolis, responsável pelo grande pico que acontece no turismo em novembro. Foram aproximadamente 50 mil check-ins nos três dias, também um número importante: o folia segue sendo o maior evento de Florianópolis, o maior evento privado de Santa Catarina, um dos maiores do sul do Brasil. E esse ano, aumentou ainda mais a força de trabalho: foram 3.050 oportunidades geradas direta e indiretamente.
O Folianópolis virou uma marca que extrapolou Santa Catarina. Depois de Curitiba (PR) e Ribeirão Preto (SP), quais os próximos destinos da “franquia”?
Nos últimos cinco anos o folia passa por um processo de expansão nacional através de eventos com as mesmas características, realizados em praças das regiões Sul e Sudeste, que não têm um outro carnaval fora de época, com alto poder aquisitivo. Essa é a estratégia de crescimento. Começamos por Curitiba, há dois anos chegamos em Ribeirão Preto, e o nosso projeto, a partir de 2025, é mais uma capital, que deve ficar entre Belo Horizonte (MG) e Porto Alegre (RS), ou interior do Paraná – Londrina ou Maringá. O Folianópolis cresce bastante nessa direção, e isso é naturalmente uma plataforma de atração de novos clientes, que vão conhecer a nossa festa na sua cidade, na região onde vivem, mas também vão conhecer a “matriz”, a festa principal, o Folianópolis.
Atualmente, o Folianópolis é o evento que mais atrai turistas para a capital, mas nem sempre foi assim. Olhando para trás, desde o primeiro, o que vem à cabeça? O que fez a diferença nessa trajetória?
Bom, de fato nem sempre foi assim Ele nasceu um evento bem pequeno. Para os conceitos de hoje, nasceu uma startup. E, sem dúvida, vem muitas coisas à cabeça nessa trajetória. A primeira delas é a quantidade de pessoas que duvidavam que esse estilo de evento prosperaria em Florianópolis. Mas, ao mesmo tempo, também vem à cabeça a grande quantidade de pessoas que acreditaram e nos ajudaram. Outro ponto que merece destaque é a perseverança. O Grupo All sempre acreditou bastante nos pilares do Folianópolis, um evento diferente, com características únicas. Os pilares existiam e a perseverança transformou essas bases conceituais, em resultado. Além da perseverança, o profissionalismo. Esses pontos permitem demonstrar o quanto foi desafiadora e exitosa essa jornada nesses 19 anos de Florianópolis.
Como dirigente da Associação Brasileira dos Promotores de Eventos, como avalia o setor? Depois da bem-sucedida luta pela manutenção da Perse, qual é a pauta prioritária no momento?
O setor tem inúmeras lutas. É extremamente relevante, representa 4,65% do PIB, e com atividades extremamente diversas. Vai desde eventos sociais, esportivos, congressos, feiras, eventos de negócios e eventos de lazer, como os nossos, festivais, carnavais, rodeios, shows. E cada um desses segmentos tem suas particularidades. A grande bandeira ainda é a manutenção do Perse (programa federal criado para apoiar profissionais e empresas do setor de eventos durante a pandemia), que sofre rotineiros ataques do Ministério da Fazenda. Tem também a reforma tributária, a pauta do ano para todos os setores. No nosso caso, tem dois temas recorrentes que continuam sendo muito relevantes: a relação com o Ecad e as normativas de direitos autorais, e também as meias-entradas. Hoje tem uma série de categorias com direito a meia-entrada e gratuidades, que são, na verdade, uma agressividade. É o governo legislando, criando política pública com o recurso do privado. Essas são as principais batalhas do ponto de vista de relações governamentais, mas há inúmeras outras. Do ponto de vista de união do setor, de fortalecimento da entidade. A gente tem trabalhado em todas essas direções.
A estrutura de Florianópolis para grandes eventos está à altura do potencial turístico da cidade, um dos principais destinos do país?
A gente faz esse evento em várias cidades do Brasil e eu não diria que Florianópolis tem muito problema de infraestrutura. Naturalmente é desafiador por ser uma ilha, e como boa parte dos clientes do evento são turistas há um aumento grande da população, com desafios em relação à capacidade hoteleira, hospedagem etc. A cidade tem um grande ponto forte em termos de estrutura que é o novo aeroporto, com aumento da frequência de voos nacionais e internacionais. Além disso, os últimos governos, pró-desenvolvimentistas, têm tentado ajudar a mitigar as eventuais deficiências em estrutura para que os eventos sejam boas experiências. A cidade tem seus desafios, como espaços para grandes eventos, mas a gente entende que o destino, hoje, ajuda muito mais do que atrapalha na realização dos eventos em comparação com outros destinos que a empresa trabalha.