Se as eleições para governador de Santa Catarina fossem hoje, o embate não estaria restrito às ruas, debates ou aos bastidores políticos. O palco principal seria, sem dúvida, o digital. De um lado, Jorginho Mello, o atual governador com sua sólida construção de redes sociais. Do outro, João Rodrigues, prefeito de Chapecó, com números impressionantes e a força de quem acabou de sair de uma campanha de reeleição municipal. Ambos gigantes, ambos preparados – mas cada um com desafios únicos para 2026.
Fonte dos dados: FanpageKarma – Consulta em 28 de Janeiro de 2024. Dashboard disponível ao final da coluna para visualização.
Vamos aos números: Jorginho Mello soma 380 mil seguidores no Instagram, 98 mil no Facebook e 76 mil no TikTok. João Rodrigues não fica atrás, com 318 mil no Instagram, 372 mil no Facebook e uma impressionante marca de 219 mil no TikTok. Só por esses dados já dá para perceber que ambos são estrategicamente articulados em plataformas diversas, mas o jogo não se limita ao tamanho da audiência. Como bem sabemos, alcance sem engajamento é vazio, e é aqui que a disputa fica ainda mais acirrada.
No TikTok, Jorginho lidera na taxa de engajamento com 6,3%, superando João Rodrigues, que possui 5,9%. Por outro lado, João avança em crescimento diário no Instagram, ganhando, em média, 377 novos seguidores por dia contra 313 de Jorginho. Isso mostra um dinamismo nas redes de João Rodrigues, que capitalizou a intensa visibilidade de sua recente campanha municipal em Chapecó para manter a curva ascendente.
Quando falamos de engajamento bruto, Jorginho Mello lidera. São 4,9 milhões de interações no Instagram, 196 mil no Facebook e 616 mil no TikTok. João Rodrigues, por sua vez, apresenta números relevantes, mas mais pulverizados entre as redes: 3,2 milhões no Instagram, 524 mil no Facebook e impressionantes 2,1 milhões no TikTok. Nesse campo, Jorginho mantém uma presença importante na rede mais utilizada em Santa Catarina, os bons números de João no TikTok não podem ser ignorados, mas vale lembrar que essa é a rede de maior dispersão entre todas as utilizadas no País.

O melhor conteúdo?
A relevância de um candidato nas redes não se mede apenas por números, mas pela qualidade de sua narrativa e pela capacidade de se conectar em momentos críticos. O melhor post do período analisado, de João Rodrigues, foi durante as enchentes em Arroio do Meio. A imagem de um prefeito arregaçando as mangas, mostrando solidariedade em um momento de dor, cravou interações massivas. Já o segundo melhor post veio de Jorginho Mello, ao lado de Michelle Bolsonaro, durante a inauguração do complexo Neurossensorial Casa do Autista. Foi um lembrete poderoso de sua proximidade com o bolsonarismo e de sua habilidade em captar temas que mobilizam a base.
Números nacionalizados, desafios estadualizados
Apesar de toda a robustez apresentada, um ponto merece destaque: ambos os pré-candidatos operam com redes nacionalizadas, atraindo públicos de fora do estado. Esse é um bônus e um ônus. Enquanto João Rodrigues terá o desafio de estadualizar progressivamente seu nome, ainda muito associado à região Oeste, Jorginho precisará equilibrar o peso de sua base nacional com um vínculo mais direto às demandas catarinenses, especialmente em regiões onde sua performance foi menos expressiva em 2022.
O trabalho de estadualização de João Rodrigues será determinante. Já Jorginho, mesmo partindo de uma posição confortável como governador, precisará continuar humanizando sua comunicação para não parecer distante em um estado tão diverso em realidades quanto Santa Catarina.
Quem está preparado para 2026?
O que os números mostram é claro: as redes sociais já são centrais para a construção de lideranças políticas. Jorginho Mello e João Rodrigues não estão apenas disputando espaço; estão pavimentando o futuro de suas campanhas com estratégias sólidas e profissionais de ponta. A fotografia do último ano – com dados auditados pela plataforma FanpageKarma – nos dá um vislumbre de como os candidatos têm trabalhado. Mas, até 2026, o cenário digital pode mudar.
Se as eleições fossem hoje, teríamos um duelo de gigantes. E não é exagero dizer: quem vencerá esse embate digital terá meio caminho andado para vencer também nas urnas. Afinal, a política de hoje é travada tanto nos discursos quanto nos algoritmos. E Santa Catarina, como sempre, está assistindo.
