Lúcia Mees escreve artigo sobre como a inteligência artificial e a modernização digital estão transformando a gestão pública, destacando os benefícios dessas tecnologias para as eleições municipais de 2024 e a eficiência dos serviços públicos.
O ano de 2024 promete ficar marcado como um ano sem precedentes nas eleições municipais. Além de ser um grande laboratório para a utilização da inteligência artificial nas campanhas eleitorais, com práticas regulamentadas e outras proibidas pelo TSE, o pleito deste ano também será um divisor de águas ao colocar a tecnologia no centro dos planos de governo – e dos resultados das urnas.
É fato que o eleitor está cada vez mais conectado e informado, e esse fácil acesso à informação aumenta a régua da exigência dos cidadãos. Quando demandas historicamente complexas do setor privado como abrir uma conta bancária são feitas de forma tão simples como falar no WhatsApp, o maior desafio dos líderes governamentais é provar que o cidadão pode ter essa mesma eficiência no setor público. Caso contrário, tanto cidadãos como a gestão municipal acabam vítimas da burocracia e da lentidão.
Para mudar essa realidade não há alternativa senão a modernização digital. A migração de processos do papel para o online não só pode reduzir o tempo para conclusão das tarefas em até 94%, mas também melhora a relação com o cidadão. Em vez de se deslocar até uma creche para fazer a matrícula dos filhos, por exemplo, os pais passam a poder matricular seus filhos de casa, assim como poderiam fazer para agendar consultas médicas, abrir uma empresa, ou solicitar um alvará para construção.
Na prática, o governo consegue escalar a sua capacidade de atendimento e trazer mais celeridade aos processos públicos, o que fortalece o desenvolvimento econômico e melhora a experiência do cidadão com a gestão.
Parece mágica, mas é tecnologia. E além de melhorar a rotina do cidadão e dos servidores públicos, a transformação digital permite que os dois lados economizem, estancando a hemorragia de recursos públicos.
Segundo dados do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, a adoção dos canais digitais para o atendimento ao cidadão permite uma economia de 97% em relação ao presencial, indo de R$43,68 para menos de R$1,20 por atendimento. Município e cidadão economizam tempo e dinheiro com a redução da burocracia, menor necessidade de deslocamentos e menor tempo de espera. É bom para todos.
Foi isso o que aconteceu em cidades brasileiras como Gramado (RS) e São José (SC), que colocam a tecnologia no centro da eficiência da gestão. Em abril de 2024, Gramado inaugurou uma série de serviços 100% digitais no atendimento ao cidadão, tendo ultrapassado 65 mil pessoas atendidas digitalmente em menos de 90 dias. A cidade conta ainda com inteligência artificial para apoiar na solução de demandas do cidadão, permitindo interações humanizadas e em tempo real. Já a catarinense São José viu o empreendedorismo da cidade florescer com a automação e inteligência em processos como a abertura de empresas, ultrapassando 8900 novas empresas em menos de 90 dias da iniciativa. Só em 2023, a cidade realizou mais de 4 milhões de atendimentos digitais.
Bons exemplos de gestão estão em todos os cantos do país, mas uma máxima permanece: tanto as gestões municipais como os cidadãos são beneficiados com o investimento em tecnologia. Nesse contexto, o ano de eleições municipais é o momento de refletir sobre as transformações necessárias na gestão pública. E, pensando nas grandes evoluções dos últimos anos com a inteligência artificial, a IoT e a computação em nuvem, sem dúvida nenhuma uma das maiores e mais benéficas mudanças será na modernização e investimento em tecnologia.