“Estacionamento clandestino”: Como alvos da Operação Presságio usavam pessoas em situação de rua para conseguir dinheiro

Operação Presságio mostra como Ed Pereira e Renê Raul Justino usavam Fenaostra pra cobrar entrada usando pessoas em situação de rua

A Operação Presságio ganhou investigações mais robustas nesta sexta-feira. Agora, mais 19 pessoas foram alvos de busca e apreensão na operação da Polícia Civil de Santa Catarina.

Dentro do inquérito, uma conversa entre Renê Raul Justino (preso em 29 de maio) e o empresário Carlos Eduardo Pereira Bonatelli, datada de 31 de outubro de 2023. Nela, ambos conversam sobre a cobrança de um estacionamento clandestino na Fenaostra, realizada no Centro de Florianópolis.

Na data, Renê perguntou a Bonatelli se ele possuía uma máquina de cartão para emprestar, pois planejavam fazer um estacionamento clandestino no evento e precisariam das máquinas com nomes desconhecidos para não levantar suspeitas.

Confira a transcrição de um áudio feita pela Polícia Civil:

Em seguida Bonatelli pergunta:

De acordo com a Polícia Civil, neste ponto é importante destacar o contexto do estacionamento clandestino instalado em terreno público durante a realização do evento. As cobranças, segundo as investigações, eram realizadas por meio de terminais de processamento de dados de cartões de crédito.

Conversas entre Renê Raul Justino e Ed Pereira revelam, supostamente, a ambição do grupo em ganhar dinheiro fácil.

“O diálogo mostra claramente que eles empregaram a mão-de-obra de pessoas que pernoitavam no abrigo localizado na Passarela Nego Quirido, destinado a pessoas em situação de rua”, escreve a Polícia Civil em seu inquérito.

No entanto, a conversa segue e Renê conta para a Ed Pereira que a Polícia já estaria desconfiada do esquema. Confira o áudio transcrito pela Polícia Civil:

Operação Presságio, a antecipação do medo

A conversa continua e Ed Pereira questiona se vale a pena o risco que ambos estão correndo.

Segundo a Polícia Civil, Carlos Bonatelli foi quem, supostamente, forneceu as maquininhas de cartão para o estacionamento clandestino na Fenaostra. No inquérito a Polícia explica que ainda precisa ser investigado se ele recebeu alguma vantagem ilegal por isso.

Em outra, suposta, ação de Bonatalli, a Polícia Civil intercepta uma conversa de 22 de dezembro de 2023, quando Renê e Bonatelli discutiram a emissão de notas fiscais falsas para prestar contas do Festival de Inverno do Continente, que aconteceu nos dias 16 e 17 de dezembro de 2023. Esse evento foi organizado pela empresa Top Promoções e Eventos com recursos da Lei de Incentivo à Cultura da Fundação Franklin Cascaes.

Renê perguntou a Bonatelli se ele poderia emitir uma nota fiscal no valor de R$ 16.300,00 (dezesseis mil e trezentos reais), e Bonatelli receberia 5% desse valor como pagamento. Bonatelli concordou, e Renê enviou várias instruções sobre o que deveria estar na nota fiscal, fazendo conferências e ajustes. Isso nos leva a concluir que não houve qualquer prestação de serviço descrito na nota fiscal, como o “aluguel de tendas”, e que a nota foi usada apenas para justificar o gasto do dinheiro público, que acabou indo para os investigados.

Defesa dos citados

A defesa do ex-secretário de Turismo, Cultura e Esporte de Florianópolis, Ed Pereira, feita pelo advogado Gastão da Rosa Filho respondeu em nota que:

A defesa está questionando junto ao STJ, com base em precedentes da própria Corte, a forma como foi apreendido o celular que municiou as investigações. Trata-se de uma prova ilícita que não pode gerar consequência“.

Já as defesas de Renê Raul Justino e Carlos Eduardo Pereira Bonatelli ainda não responderam aos questionamentos da reportagem. O espaço segue aberto.

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