Florianópolis registra ‘boom’ de virose com 71 casos por dia e prefeitura acende alerta

Florianópolis já registra a média de 71 casos de viroses por dia em 2025. Os dados são da Secretaria Municipal de Saúde, que em nota enviada na segunda-feira admitiu que somente nos primeiros seis dias do ano a capital catarinense já soma 499 casos de viroses.

Os dados acenderam alerta, não só na prefeitura de Florianópolis, como na Secretaria de Estado da Saúde, que em nota enviada também nesta segunda-feira alerta para o perigo das disenterias em seu site oficial.

“Em decorrência de estarmos vivenciando um período de intenso calor e com o aumento da população flutuante, principalmente na região litorânea de Santa Catarina, pode ocorrer um crescimento no número de casos de algumas doenças transmitidas de pessoa a pessoa. Entre elas as doenças diarreicas agudas (DDA), ou doenças infecciosas gastrointestinais, as popularmente conhecidas por “viroses” de verão”, escreve a SES-SC (Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina) em seu site oficial.

O alerta esteve também presente no perfil oficial do prefeito de Florianópolis, Topázio Neto (PSD), que ressaltou a importância da população buscar profissionais credenciados pela prefeitura nas praias frequentadas por turistas e munícipes.

“A alimentação de produtos proibidos de comercializar na praia é um dos principais fatores de viroses no nosso verão. E daí, as unidades de saúde enchem de gente”, explica Topázio.

Topázio não está sozinho quando dá tais recomendações em relação aos alimentos que devem ser evitados para consumo em praias. A própria ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), já deu orientações semelhantes. Embora não seja especificamente sobre praias, e sim sobre alimentos consumidos no Carnaval, a Agência alerta para padrões de higiene que devem ser seguidos.

A Anvisa faz as seguintes recomendações:

Higiene pessoal: Lavar as mãos antes de manusear alimentos e após utilizar o banheiro.

Armazenamento adequado: Manter alimentos perecíveis em temperaturas seguras, abaixo de 5°C ou acima de 60°C, para prevenir o crescimento de microrganismos.

Evitar alimentos de risco: Consumir alimentos bem cozidos ou preparados, evitando produtos crus ou mal cozidos, como frutos do mar crus, leite e derivados não pasteurizados, e preparações com ovos crus.

Água potável: Consumir apenas água tratada ou de fontes confiáveis.

Saúde municipal acompanha os casos

A Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis informou que os casos de doenças diarreicas, comuns em períodos de calor e aumento populacional, mantêm comportamento sazonal e geralmente são de baixo risco, raramente exigindo internação ou sobrecarregando o sistema de saúde.

Nas últimas quatro semanas de dezembro de 2024, foram registrados 1.007 casos, número ligeiramente superior aos 962 casos do mesmo período em 2023. Já na primeira semana de 2025, houve 499 casos, representando uma redução de 36% em relação à mesma semana de 2024, quando foram registrados 786 casos.

Segundo a pasta, a Vigilância Epidemiológica mantém monitoramento contínuo para identificar patógenos e orientar os atendimentos. A prefeitura reforçou ainda os alertas à população sobre cuidados com higiene, conservação de alimentos e consumo seguro em estabelecimentos fiscalizados, visando conter novos surtos.

Já a SES, fez um alerta em seu site para cuidados para que a população não pegue viroses. Confira as dicas:

  •  Cuidar com a qualidade da água ingerida que deve ser tratada, fervida ou mineral;
  •  Evitar a ingestão de frutos do mar crus, carnes mal passadas, especialmente sem saber a procedência; 
  •  Ao levar alimentos para a praia, cuidar da higiene e manter a refrigeração adequada;
  •  Não consumir sucos, batidas, caipirinhas e outras bebidas não industrializadas sem saber a procedência dos ingredientes utilizados;
  •  Não consumir alimentos fora do prazo de validade, mesmo que aparência seja normal;
  •  Não consumir alimentos que pareçam deteriorados, com aroma, cor ou sabor alterados, mesmo que estejam dentro do prazo de validade;
  •  Higienizar as mãos com frequência, especialmente antes e depois de utilizar o banheiro, trocar fraldas, manipular e preparar os alimentos, amamentar e tocar em animais;
  •  Não frequentar locais com condição imprópria para banho. 

Segundo a SES, é importante destacar que a doença pode causar desidratação leve à grave, sendo que crianças, idosos e pessoas imunodeprimidas são mais vulneráveis e têm mais chances de evoluir para gravidade. Principalmente nestes casos é importante monitorar os sintomas, não se automedicar e, caso necessário, procurar uma unidade de saúde para realização do tratamento adequado.

O tema também foi comentado pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), que emitiu um alerta também nesta segunda-feira sobre os cuidados específicos com os idosos. O presidente da SBGG, Dr. Marco Túlio Cintra, alertou que essas viroses podem causar desidratação, piora da função renal e até internações em idosos mais frágeis. Ele reforçou a importância de consumir água de fonte confiável, ter cuidado na escolha e preparo dos alimentos, e manter a higiene das mãos como medidas preventivas.

Mas, o que é uma virose?

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o termo “virose” é utilizado para descrever qualquer doença causada por um vírus, mesmo quando o agente específico não é identificado, sendo os adenovírus e rotavírus os mais comuns. As viroses podem ser classificadas como respiratórias ou gastrointestinais, com transmissão ocorrendo por vias respiratórias, através de gotículas expelidas por tosse ou espirro, ou pelo consumo de alimentos contaminados por bactérias e outros microrganismos.

Ainda de acordo com a OMS, as viroses afetam principalmente o trato gastrointestinal, manifestando sintomas como diarreia, febre, vômito, enjoo, falta de apetite, dores musculares, abdominais e de cabeça, além de secreção nasal e tosse, com duração média de um a sete dias. O tratamento mais indicado é a hidratação adequada, essencial para evitar complicações decorrentes da desidratação.

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