O afastamento de Gean e Topázio já tem data para ser deflagrado

União Brasil, partido do ex-prefeito Gean Loureiro, define na próxima semana posição de independência em relação à gestão de Topázio Neto

Os rumores do afastamento do ex-prefeito Gean Loureiro (União Brasil) da campanha à reeleição do prefeito Topázio Neto (PSD) começam a ganhar palpabilidade na próxima semana. Uma reunião ampliada da executiva municipal do União Brasil, dia 19 de junho, deve anunciar postura de independência do partido em relação à atual gestão.

É o primeiro passo para o rompimento de uma parceria iniciada em 2020, quando Gean Loureiro era candidato à reeleição e tomou a decisão de mudar o companheiro de chapa, subtituindo o então vice-prefeito João Batista Nunes (hoje no MDB) pelo então pouco conhecido empresário Topázio Neto, inicialmente filiado ao Republicanos.

A imagem de Topázio ficou praticamente ausente naquela campanha por decisão do marketing, que preferiu focar em Gean como uma espécie de garoto-propaganda da própria gestão. Um modelo que já era utilizado nas redes sociais.

Depois da eleição, Topázio foi um vice-prefeito discreto. A renúncia de Gean para concorrer a governador, no final de março de 2022, catapultou o empresário à condição de prefeito. No primeiro momento, ainda discreto, porque era necessário manter os holofotes em Gean e sua tentativa de concorrer ao governo.

Topázio prefeitou sem Gean

Foi depois da disputa eleitoral que Topázio começou a ganhar luz própria, com um intenso trabalho de redes sociais que transformou o ex-desconhecido em um político com 383 mil seguidores no Instagram. Logo de cara, no entanto, foi ficando claro que havia divergências na condução política entre o prefeito e o ex-prefeito.

Ainda em 2022, depois da eleição para governador em que ficou em quarto lugar, Gean não conseguiu emplacar o retorno do ex-secretário da Fazenda, Constâncio Maciel (União Brasil), que havia deixado o cargo para concorrer a deputado estadual, sem sucesso.

Na Câmara de Vereadores, a vitória de João Cobalchini (MDB) sobre Roberto Katumi (PSD) também diminuiu a influência de Gean. Em poucos meses foi ficando claro que além de imprimir um estilo próprio, Topázio também construiu seu próprio núcleo político.

No início do ano, houve um ensaio de reaproximação, com Topázio e Gean protagonizando vídeos em conjunto nas redes sociais e um jantar organizado pelo ex-prefeito para anunciar o apoio do União Brasil à reeleição do ex-colega de chapa.

Depois, no entanto, conforme de consolidava a preferência de Topázio por uma composição com o PL do governador Jorginho Mello na vaga de vice-prefeito, Gean sentiu-se isolado e passou a dar sinais cada vez mais evidentes de que poderia deixar o projeto.

O ex-prefeito anunciou o desejo de concorrer a deputado estadual em 2026 e a prefeito de Florianópolis em 2028. Queria, desde já, apoio da gestão Topázio nessa direção. O atual prefeito não firmou o compromisso, lembrando que há outros nomes na base aliada mirando a Assembleia Legislativa em 2026. Especialmente João Cobalchini, que reconstruiu o MDB de Florianópolis e o colocou à disposição de Topázio contrapartida na majoritária.

Dário Berger como opção

Nesse cenário, aumentaram os rumores de que Gean deixaria o barco. O ex-prefeito e ex-aliado, Dário Berger (PSDB) começou a ser visto como alternativa – e até mesmo uma candidatura própria do União Brasil, como forma de marcar posição, passou a fazer parte dos rumores. Eleito em 2016 e 2020, Gean não pode disputar a prefeitura este ano, mas é visto como um forte cabo eleitoral.

Nos bastidores, Gean tem endossado críticas que Dário tem feito à atual gestão. Especialmente em temas como a saúde e as finanças da prefeitura. A atual gestão ainda buscou junto ao presidente estadual do União Brasil, o deputado federal Fábio Schiochet uma garantia que o partido continuaria com Topázio. Ouviram como resposta que em Florianópolis o ex-prefeito tem carta branca para decidir os rumos do União Brasil.

É o que começa a se desenhar a partir de 19 de junho, com a reunião ampliada da executiva municipal do partido.

Até o fim do prazo das convenções partidárias há tempo para acontecer de tudo. Inclusive nada.

Mas Gean e o União Brasil vão se reposicionar no tabuleiro político municipal – seja como aliado ou como adversário de Topázio. Na prefeitura, o cenário já é de afastamento de Gean.

Cenário de múltiplas candidaturas

A ideia de um grande bloco dos partidos de direita e centro-direita polarizando com a pré-candidatura do deputado estadual Marquito (PSOL), firmando na capital catarinense a polarização entre direita e esquerda, também vai esfarelando.

Com a iminente perda da aliança com o PSB por decisão da executiva nacional, o PSOL pode se ver isolado. O PT, em federação com PCdoB e PV, mantém a pré-candidatura de Lela Farias.

O PP continua com a pré-candidatura de Pedrão Silvestre. O cenário se consolida com cinco pré-candidaturas com alguma robustez, praticamente garantindo um segundo turno que pode ser desafiador para o atual prefeito.

É o jogo sendo jogado. Como dizia Luiz Henrique da Silveira, a corrida de cavalos se ganha na amarração.


Foto: Gean Loureiro abraça Topázio no dia em que o primeiro virou ex e o outro virou prefeito.
Crédito: Cristiano Andujar, PMF.

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