Tem uma cena no Mágico de Oz que diz tudo. O tal grande e poderoso Oz aparece com voz de trovão, imagem imensa, fumaça saindo pelos cantos… até que alguém puxa uma cortina. Atrás dela, só um velhinho apertando botões e fingindo ser mais do que é.
Nos últimos tempos, em todos os cantos do Brasil, tem muito político virando o mágico de Oz do Instagram. Aparece em collab com página nacional, dá uma opinião que o algoritmo gosta, surfa a onda de algum tema ideológico quente. E pronto: luz, fumaça e muitos números. Curtidas, comentários, engajamento.
E aí começa o perigo: ele acredita na mentira. Eu sempre falei sobre engajamento como um sinal forte. E é mesmo. Onde tem engajamento, costuma ter calor. Costuma ter voto. Onde não tem, geralmente não tem nada.
Mas como tudo que começa a valer ponto, o jogo começa a ser manipulado. Hoje, o político aluga a audiência de páginas grandes para parecer maior do que é. Faz collab com perfis enormes, publica algo polêmico, e magicamente vira alguém que parece relevante. Mas não é o público dele. Não é a base dele. Às vezes, nem é o pensamento dele.
É só um bom disfarce. E como todo bom disfarce, uma hora cai. Porque engajamento de verdade não é número. É vínculo. E vínculo não se compra com uma collab.
O risco não é só enganar os outros. O risco é começar a se enganar também.
Acreditar que tem força porque o post bateu x mil likes. Acreditar que tem voto porque a página entregou. Acreditar que é grande porque apareceu com quem é.
O mágico de Oz acreditava tanto no próprio teatro que passou a se achar indispensável. Até que Dorothy puxou a cortina, e tudo virou o que realmente era. Tem político que vai descobrir a verdade só quando abrir a cortina das urnas.