O poder do tempo

Por mais que a tecnologia tenha transformado o cenário eleitoral, com algoritmos refinados e métricas em tempo real, as campanhas políticas continuam sendo essencialmente sobre pessoas. E não há tecnologia que substitua a força de um grupo engajado, motivado por algo maior do que números ou discursos. É nesse espaço, onde estratégia encontra emoção, que os voluntários digitais se tornam protagonistas silenciosos, moldando o destino de campanhas de forma única.

Uma das tendências que venho observando nas eleições de 2024 é o poder do tempo de relacionamento. Mais do que curtidas, comentários ou compartilhamentos, o tempo que um eleitor passa conectado a um candidato — consumindo seu conteúdo, interagindo ou apenas acompanhando — é um indicativo poderoso de fidelidade e confiança. É como se cada interação fosse um tijolo na construção de uma relação. E relações sólidas, como sabemos, não são feitas da noite para o dia.

As campanhas que mais se destacaram até agora são aquelas que entenderam essa lógica. Não basta pedir que alguém compartilhe um post ou participe de um evento. É preciso criar espaços onde as pessoas se sintam parte de algo maior, conectadas por um propósito comum. Perguntar a um membro “Por que você acredita neste projeto?” é muito mais transformador do que simplesmente atribuir tarefas. Essa escuta ativa não apenas fortalece vínculos, mas transforma apoiadores em verdadeiros embaixadores da causa.

Liderar nesse ambiente exige sensibilidade e visão. Reconhecer esforços, compartilhar conquistas e valorizar a contribuição de cada pessoa são gestos que criam um senso de pertencimento profundo. E esse pertencimento é o que faz campanhas crescerem de forma orgânica, com energia genuína. Não é algo que se constrói apenas durante o período eleitoral. Ele começa meses, até anos antes, com consistência, autenticidade e um compromisso real com as pessoas.

Esse engajamento contínuo também cria o que chamo de “comunidade de causa”. Quando um candidato escolhe uma pauta e se dedica a ela de forma consistente, ao longo do tempo ele atrai em torno de si pessoas que compartilham desse interesse. É uma relação quase simbiótica: o candidato fortalece sua mensagem à medida que conecta mais pessoas, e a comunidade se sente representada e impulsionada por ele.

No fundo, o que define o sucesso de uma campanha não é apenas sua estratégia digital ou seus investimentos publicitários. É a capacidade de mobilizar pessoas, inspirar e dar propósito às ações coletivas. Ferramentas tecnológicas ajudam, mas é a conexão humana que faz a diferença.

Afinal, campanhas não vencem apenas nas urnas, mas no coração das pessoas que acreditam nelas.

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