O uso de celulares nas escolas: regulamentar para educar

A recente legislação sobre a proibição do uso de celulares e outros aparelhos eletrônicos nas escolas, estabelecida na lei 15.100 de 13 de fevereiro 2025 e regulamentada pelo decreto 12.385 publicado nesta terça-feira (18/2) pelo governo federal, tem sido um tema de intensos debates. Mais do que uma simples vedação, trata-se de uma oportunidade valiosa para refletirmos sobre a relação dos estudantes com a tecnologia e sua influência no processo de ensino-aprendizagem. Se bem conduzida, essa regulamentação pode contribuir significativamente para a construção de um ambiente escolar mais focado e produtivo, ao mesmo tempo em que promove o diálogo sobre o uso responsável dos dispositivos móveis.

A tecnologia é parte indissociável da vida contemporânea e exerce papel fundamental na formação dos estudantes. No entanto, o uso indiscriminado do celular em sala de aula pode comprometer a atenção, dificultando a concentração e o engajamento dos alunos nas atividades escolares. Estudos apontam que a presença constante dos smartphones interfere diretamente na retenção de conhecimento e na interação social dentro do ambiente escolar. Assim, regulamentar o uso dos dispositivos não significa negar a importância da tecnologia, mas sim estabelecer critérios para que ela seja utilizada de maneira consciente e produtiva.

Entretanto, qualquer regulação só terá êxito se for acompanhada de diálogo e participação dos estudantes. A escola tem um papel essencial não apenas na aplicação das normas, mas também na formação crítica sobre o uso dessas tecnologias. Proibir sem explicar os motivos e sem construir essa compreensão com os alunos pode gerar resistência e descontentamento. É fundamental que as instituições de ensino promovam debates sobre os impactos positivos e negativos do celular no cotidiano escolar, estimulando o pensamento crítico e a responsabilidade dos estudantes sobre seus próprios hábitos digitais.

Além disso, a regulamentação deve vir acompanhada de estratégias pedagógicas que integrem a tecnologia ao processo de aprendizagem de forma equilibrada. O uso de ferramentas tecnológicas deve ser aproveitado para pesquisas, atividades interativas e acesso a conteúdos educativos, desde que inserido em metodologias que favoreçam o aprendizado e estimulem a autonomia dos alunos.

Portanto, a regulamentação do uso de celulares nas escolas deve ser vista como uma ação educativa, e não punitiva. Somente por meio do diálogo e da construção coletiva de regras claras e justificadas será possível garantir que essa medida seja bem-sucedida e efetivamente contribua para a qualidade do ensino. A escola deve ser um espaço de aprendizado integral, onde a tecnologia tem seu lugar, mas sem comprometer o desenvolvimento cognitivo e social dos estudantes.

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