Retrofit: empreendedor alemão usa experiência em Munique para investir em Florianópolis

Quando mudou para Florianópolis, há três anos, o alemão Julian Hettich Leonardi ficou impressionado com o centro da cidade, com “tantos prédios sem ocupação”, panorama bem diferente da realidade de Munique – onde ele investia em imóveis antigos que estavam “desatualizados” e precisavam de intervenções. “Na Alemanha, não temos esse problema de desocupação, há mais demanda do que oferta no mercado imobiliário”, relata Julian, que trouxe sua expertise em Retrofit para a capital catarinense.

Desde o final de 2023, o empreendedor de 33 anos está transformando um prédio da rua Dom Jaime Câmara, no centro, que estava ocioso desde a pandemia da Covid-19. O modelo de negócio surgiu pela percepção das “dores” da cidade, dos proprietários de imóveis desocupados e das empresas – que têm demandas diferentes quando o assunto é estrutura física em tempos de home office e trabalho híbrido.

O imóvel (que aparece na montagem acima) passa a ter uso comercial e residencial, com um hub, batizado de Iguana, para conexão de empresas dos setores de tecnologia e imobiliário. A concepção, de acordo com Julian, vai muito além de manter escritórios compartilhados. “Minha ideia é criar esse ecossistema de crescimento, juntar pessoas ou empresas do mesmo segmento e também trazer valor para eles”, afirma o empresário, que é formado em Engenharia Mecânica, passou cinco anos na Mercedes Benz e criou uma startup sobre Inteligência Artificial em 2017.

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Julian: experiência com Retrofit na Alemanha

Julian começa a investir no setor imobiliário de Florianópolis no momento em que a cidade passa pela regulamentação das novas normas urbanísticas aprovadas recentemente – leia-se revisão do Plano Diretor e lei do Retrofit. A expectativa é que as mudanças melhorem o ambiente de negócios e qualifiquem algumas regiões, entre elas a região do centro histórico.

O alemão trabalhou pelo menos uma década com o Retrofit na Alemanha. “Eu fiz algumas reformas lá, para alugar o imóvel, mas a grande diferença é que lá você recebe algum benefício ao fazer uma melhora no prédio. Então você não tem que pagar impostos. Isso no país inteiro, não só em uma região específica”, diz o empreendedor, casado com uma florianopolitana que conheceu em Boston enquanto cursava um MBA em negócios e administração com foco em inovação.

“Na Alemanha também é mais fácil fazer uma reforma. Além da diferença no processo de aprovação, tem também o acesso ao capital. Lá, eu peguei financiamento bancário com 1,5% de juros. Então é fácil fazer uma rentabilidade positiva. Isso acaba estimulando as pessoas a empreenderem”, afirma Julian, que diz não ter interesse em ser “só investidor, mas também melhorar a cidade” e contribuir com sua experiência fora do país para mudar a realidade em Florianópolis.

“Caso você tenha segurança, o potencial do mercado é bem interessante para investidores de fora. Mas tem um risco bem maior. Então, se tirar um pouquinho de risco, que eu gosto de chamar de incerteza, mais capital do exterior vai entrar”, acredita.

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