‘Revolucionário’: Veja método 100% eficaz para tratamento de câncer de mama

Entre 2023 e 2025, cerca de 73.610 mulheres devem receber o diagnóstico de câncer de mama no Brasil, segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA). O número expressivo reflete a importância de avanços no tratamento da doença, como o realizado pelo Hospital São Paulo (HSP/Unifesp), que se tornou pioneiro no país ao utilizar a crioablação no combate ao câncer de mama.

O procedimento, conduzido pelos pesquisadores Vanessa Sanvido e Afonso Nazário, foi aplicado pela primeira vez em um hospital público brasileiro e traz uma nova esperança para milhares de pacientes. A técnica consiste no uso de nitrogênio líquido para congelar e destruir tumores de forma minimamente invasiva.

A crioablação pode ser realizada em ambulatório, sem necessidade de internação hospitalar – Foto: Unifesp/Divulgação.

Como funciona a técnica?

A crioablação utiliza temperaturas extremamente baixas (cerca de -140ºC) para eliminar células cancerígenas. Por meio de uma agulha, o nitrogênio líquido é inserido diretamente no tumor, formando uma esfera de gelo que destrói o tecido afetado. O procedimento inclui três ciclos de 10 minutos, alternando congelamento e descongelamento.

“A incisão é mínima, menor até do que a de uma biópsia. Além disso, o procedimento é indolor e rápido, podendo ser feito em ambulatório com anestesia local”, explica o professor Afonso Nazário, que liderou a pesquisa no Hospital São Paulo.

O procedimento foi realizado na Unidade Diagnóstica do ambulatório de Mastologia do Hospital São Paulo (HSP/HU Unifesp) Foto: Unifesp/Divulgação.

Resultados e impacto

Na primeira fase do estudo, a técnica foi aplicada em pacientes com tumores de até 2,5 cm. Para tumores menores que 2 cm, a crioablação apresentou 100% de eficácia na eliminação das células cancerígenas, sem necessidade de procedimentos invasivos adicionais. Atualmente, o protocolo está sendo ampliado para comparar a crioablação com a cirurgia tradicional, envolvendo mais de 700 pacientes em 15 centros de saúde do estado de São Paulo.

O protocolo é aplicado em pacientes com tumores menores de 2,5 cm e que têm indicação primária de cirurgia Foto: Unifesp/Divulgação.

Uma nova esperança para milhares de mulheres

Com mais de 73 mil diagnósticos esperados até 2025, o câncer de mama é o tipo de câncer mais comum entre as mulheres no Brasil. Para muitas pacientes, especialmente aquelas atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a crioablação pode representar uma alternativa mais acessível, eficaz e menos invasiva para o tratamento da doença.

Embora aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a técnica ainda não está no rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para cobertura pelos planos de saúde. No entanto, sua aplicação já é consolidada em países como Estados Unidos, Japão e Israel.

Parcerias e futuro da técnica no Brasil

O avanço foi possível graças à colaboração entre o Hospital São Paulo, a empresa KTR Medical (representante da tecnologia Ice Cure no Brasil) e hospitais de referência como o Albert Einstein e o HCor. A expectativa é que o sucesso do procedimento amplie sua implementação em larga escala no SUS, beneficiando milhares de mulheres que enfrentam o câncer de mama.

“Esse é um marco para a saúde pública brasileira. Estamos oferecendo não apenas tratamento, mas uma nova chance de vida e qualidade para essas pacientes”, concluiu o professor Nazário.

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