Sequestrada e presa durante a ditadura militar, Anita Pires receberá indenização de R$ 500 mil por danos sofridos

Sequestrada e presa por agentes da Delegacia de Ordem Política e Social, durante a ditadura militar, em abril de 1964, a professora, jornalista e empresária, Anita Pires, teve a confirmação da justiça, nesta semana, do direito a uma indenização de R$ 500 mil, pelos danos sofridos na época.

“ Passou mais de meio século ,60 anos .
A justiça foi feita e espero que todos os jovens que acreditaram e lutaram pelos sonhos de construção de um país democrático e livre também sejam lembrados e honrados . A Nação Brasileira somente será uma realidade se todos os seus filhos forem soldados da justiça e da liberdade”, ressalta Anita, que tonou conhecimento do julgamento pela reportagem.

De acordo com o processo de indenização, em 16 de abril de 1964, enquanto atravessava a ponte Hercílio Luz de ônibus, Anita foi presa e ficou incomunicável por 62 dias nas dependências da Polícia Militar de Santa Catarina. Ela era professora do Instituto Estadual de Educação e foi demitida tão logo ocorreu a prisão. O motivo da perseguição, segundo o processo, foi sua militância estudantil, já que era também estudante do curso de Serviço Social da Universidade Federal de Santa Catarina, pertencendo à União Catarinense de Estudantes e à União Nacional dos Estudantes.

O comprometimento físico e psicológico, resultado do período em que esteve presa, resultou em uma indenização fixada em R$ 15 mil, no ano de 1998, com base na Lei Estadual 10.719/98. A 5ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, com voto da desembargadora Denise de Souza Francoski, considerou que o valor pago administrativamente era insuficiente para a reparação integral dos danos sofridos, passando o valor para aproximadamente R$ 500 mil.

Anita Pires foi Secretária de Educação de Florianópolis e Secretária Adjunta de Planejamento do Estado de Santa Catarina, e presidente da Fundação Catarinense de Cultura. Também foi presidente do PMDB Mulher catarinense. Atualmente é Conselheira da FloripAmanhã e Coordenadora Geral do Programa Florianópolis Cidade Criativa UNESCO da Gastronomia.

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