Uma prefeitura metropolitana. Por Ideli Salvatti

Por Ideli Salvatti

Como resolver os problemas da nossa cidade sem pensar na Grande Florianópolis? A falta que faz uma liderança política que equacione os nossos muitos desafios metropolitanos. Como produzir saídas para a mobilidade urbana sem integrar BRs, SCs, vias municipais e sistema de transporte público verdadeiramente interligado com as demais cidades da região?

Da mesma forma o transporte marítimo. Abastecimento e qualidade da água, como garantir já que boa parte vem de nascentes de municípios da subida da serra e que se contaminam de agrotóxicos nos municípios por onde passam? Saneamento, balneabilidade das praias, é impossível sem que o tratamento do esgoto aconteça não só em Floripa, mas também em São José, Palhoça e Biguaçu. E o lixo? Até quando aquele horrendo aterro sanitário de Biguaçu vai continuar recebendo os rejeitos sólidos da região?

O que para Florianópolis são perguntas irrespondíveis há décadas, em outras regiões do Brasil a política metropolitana é uma realidade. Recentemente, estive em Contagem, na Grande Belo Horizonte, cidade administrada pela petista Marília Campos, uma prefeita que entende que os problemas locais estão, muitas vezes, ligados a elementos que ultrapassam as divisas do município.

Mesmo não sendo prefeita da Capital, é ela quem lidera, propõe e articula as saídas e recursos para a região metropolitana, principalmente com o Governo Federal. Foi ela que articulou o recebimento de recursos de Brasília para iniciar a despoluição da Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte. Ocorre que a contaminação da Lagoa vem dos córregos de outros municípios, inclusive de Contagem.

A mesma coisa para as enchentes em seu município, fruto de obras não executadas nas bacias de vários córregos e rios nas cidades vizinhas. A liderança de Marília foi fundamental para conseguir recursos do PAC que estão sendo empregados nessas obras.

Assim como Contagem, passei por outras cidades administradas pelo PT no sudeste brasileiro e conheci diversas ações que estão sendo realizadas pelo poder público no objetivo de atender demandas históricas das suas regiões e das populações mais necessitadas.

O percurso, que também incluiu Juiz de Fora (MG), Maricá (RJ) e Araraquara (SP), faz parte da preparação da nova temporada do “PT Cidades”, programa da TVPT que busca conhecer e divulgar as políticas públicas bem sucedidas nas prefeituras e governos do nosso partido pelo Brasil.

Mas a pergunta que não quer calar, depois de conhecer o protagonismo metropolitano da prefeita de Contagem, é: quando alguém vai pôr a Região Metropolitana da Grande Florianópolis para funcionar?

Esperar do Governo Estadual, ainda mais do atual, esquece! Temos legislação metropolitana, que talvez precise aperfeiçoar. Temos um Governo Federal com projetos e recursos que podem ser decisivos. O que falta mesmo é uma prefeitura que entenda a importância de liderar o processo: uma Prefeitura Metropolitana.


Ideli Salvatti (PT) é ex-senadora por Santa Catarina.

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