Jorginho empossa secretariado incompleto e guarda importantes fatias do governo para composição

Na entrevista coletiva que deu logo que chegou ao Teatro Pedro Ivo Campos, anexo ao Centro Administrativo, para completar sua cerimônia de sua posse como governador e também oficializar os secretários do futuro governo, Jorginho Mello (Partido Liberal) foi questionado sobre uma condição rara em um início de gestão: o secretariado ainda está incompleto. Perguntei se ele pretendia usar pastas como Infraestrutura e Indústria e Comércio para negociar a governabilidade na Assembleia Legislativa. Ao seu estilo, Jorginho respondeu sem responder diretamente. Disse não ter pressa para completar o colegiado e que pretende indicar nomes que tenham o mesmo impacto positivo dos secretários que empossou em seu primeiro dia como governador.

Mas o jogo é esse. Na sexta-feira, quando o chefe da Casa Civil, Estener Soratto (Partido Liberal), disse que ainda poderiam surgir alguns nomes antes da posse, rapidamente negou que um deles pudesse ser a Infraestrutura. É o principal cargo no bolso do paletó do governador nas conversas com os partidos, especialmente o Mdb, e que tem como pano de fundo a governabilidade no parlamento e a escolha do próximo presidente da Assembleia Legislativa. Coloque nessa conta também a Segurança Pública, o Planejamento e Indústria e Comércio. As três últimas são novidades da reforma administrativa que será apresentada por medida provisória que será editada na próxima semana.

A Segurança Pública volta ao organograma do Estado, após ser extinta pelo ex-governador Carlos Moisés (Republicanos). É o fim do conselho que reunia os chefes das polícias militar, civil, científica e bombeiros militares, presidido um ano por causa uma das categorias, grande aposta da antiga gestão. O Planejamento também foi extinto por Moisés, com suas atribuições distribuídas por outras pastas. A Secretaria de Indústria e Comércio é resultado de uma fusão no antigo Desenvolvimento Econômico e Sustentável. Marcello Fett assumiu a pasta que se chamará Tecnologia, Inovação e Desenvolvimento Sustentável, uma secretaria prometida ao setor de inovação catarinense e que, aparentemente, terá em sua guarda-chuva também o Instituto de Meio Ambiente (Ima). O que restou, será Indústria e Comércio e está apto ao jogo político.

O filé mignon, obviamente, é a Infraestrutura. Políticos e partidos adoram tocar uma obra. Jorginho indicou interinamente Ricardo Grando, homem de confiança, ex-secretário regional de Joaçaba – indicado por ele no governo Raimundo Colombo (Psd). Esperará com calma a chegada do titular.

Os tradicionais Mdb e Progressistas são os partidos que devem participar do governo Jorginho Mello e selar a estabilidade política da gestão. Não apenas pelos nove deputados que somam (seis emedebistas e três progressistas), mas pela capilaridade em nível estadual. Ambos hoje disputam a presidência da Alesc, com Mauro de Nadal (Mdb) e Zé Milton Scheffer (Progressistas). O favorito é Nadal, que conta com o suporte da articulação do deputado estadual reeleito Júlio Garcia (Psd), ex-presidente da Alesc por três mandatos. A divisão dos blocos partidários para definição das comissões do parlamento isolou o Partido Liberal e o Progressistas, sinalizando esse favoritismo. Na posse, Zé Milton destilava otimismo e garantia que ainda estava no jogo. Dentro dos blocos, diz ele, não há unanimidade em torno de Nadal.

Com pelo menos quatro pastas na mão – ou no bolso do paletó – e um mês de janeiro inteiro como governador antes da posse da nova legislatura, Jorginho entra no jogo para evitar uma fotografia incômoda: a de uma derrota para Júlio Garcia o primeiro embate dentro do Legislativo. A solução será desenhada nas próximas semanas. Pelo que se diz ao redor do novo governador, compor com o experiente pessedista, antigo colega de parlamento de Jorginho, é uma opção cada vez mais palatável.

Veja como está o secretariado de Jorginho até agora:

Secretaria da Administração – Moisés Diersmann

Secretaria Geral do Governo – Danieli Porporatti

Casa Civil – Estener Soratto (Partido Liberal, deputado estadual)

Casa Militar – Tenente Coronel José Eduardo Vieira

Secretaria da Saúde – Carmen Zanotto (Cidadania, deputada federal)

Comandante Geral da Polícia Militar – Coronel Aurélio José Pelozato

Defesa Civil  – Coronel Armando (Partido Liberal, deputado federal até fevereiro)

Secretaria da Fazenda ­– Cleverson Sievert

Secretaria Executiva de Articulação Nacional – Vânia Franco

Secretaria de Educação – Aristides Cimadon

Procuradoria Geral do Estado – Marcio Vicari

Secretaria da Agricultura, Aquicultura e Pesca – Valdir Colatto (Partido Liberal)

Secretaria de Comunicação – João Debiasi

Secretaria de Desenvolvimento Social – Maria Helena Zimmerman (interina, até a posse de Alice Kuerten).

Secretário Executivo de Articulação Internacional – Juliano Froehner

Comandante-Geral do Corpo de Bombeiros Militar de SC – Coronel Fabiano de Souza

Secretaria de Administração Prisional – Jeferson Cardozo

Perita-Geral de Polícia Científica – Andressa Boer Fronza

Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade – Ricardo Grando

Secretaria de Estado de Tecnologia, Inovação e Desenvolvimento Sustentável – Marcelo Fett

Secretaria Executiva de Relações Governamentais – Edgard Usuy

Presidente da Fundação Catarinense de Educação Especial – Jeane Leite


Sobre a foto em destaque:

Jorginho empossa secretariado. Foto: Ricardo Wolffenbüttel, Secom.

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