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26 de julho de 2024

“Permacrise” será tema de painel da FIESC nesta quarta-feira

A Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina traz a Florianópolis três estudiosos da cena econômica e geopolítica para troca de ideias no painel "Permacrise - navegando nos novos riscos da economia política e geopolítica".


A Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina traz a Florianópolis três estudiosos da cena econômica e geopolítica para troca de ideias no painel “Permacrise – navegando nos novos riscos da economia política e geopolítica”.

Deborah Vieitas, presidente do conselho de administração do Banco Santander; o cientista político Fernando Schuler e o diplomata, economista e ex-presidente do Banco BRICs, Marcos Troyio falarão a empresários.

Fiesc terá grandes nomes da economia



A coluna entrevistou Marcos Troyio. Ele explica os desafios e as oportunidades que o Brasil tem pela frente neste ambiente de incertezas.

O senhor vai falar sobre riscos e oportunidades. Quais são os principais riscos para o Brasil?

Marcos Troyjo – “Permacrise” é a palavra do ano. Alguns elementos ajudam a entender. 1. Há dinâmicas da crise sanitária recente, com seus efeitos com resposta econômica que levou para a expansão de gastos, aumentando o déficit. 2. Vemos a inflação alta nos Estados Unidos. 3. Há mudanças climáticas, causando impactos. 4. Há ainda os efeitos da invasão da Ucrânia – o maior conflito na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. 5. E há, também, a guerra no Oriente Médio, o mais importante desde os anos 1970.

Neste contexto, quais são as oportunidades para o Brasil?

Troyjo – O Brasil é o quarto maior produtor de alimentos do mundo. Oferece segurança energética, com combinação de energia eólica, hidrelétrica, biocombustíveis, fóssil.

E a China, que ainda cresce muito?

Troyjo – A China se tornou a “fábrica do mundo”. E sua mão de obra já não é mais tão barata assim. Em algumas circunstâncias, produzir na China está mais caro do que produzir no México ou no Brasil. A China se tornou muito grande.

E setorialmente, onde o senhor enxerga chances e oportunidades?

Troyio – Acredito que nas áreas de gestão de terras; irrigação; armazenagem sustentável; operação portuária. Temos de aproveitar a transição para a economia verde, com exploração de fontes energéticas renováveis; além de estimular o capital para “negócios verdes”.

É possível atrair para cá parte da produção atual da China?

Troyjo – Sim. Isso deve ser considerado. E também somos competentes na agregação de valor no setor de alimentos e no de design de moda, por exemplo.

A inteligência artificial está aí e muda a lógica de tudo.

Troyjo – Estamos no começo da revolução da “inteligência aumentada”. (Prefiro este termo porque inteligência artificial assusta um pouco.

O que muda com estas novas tecnologias?

Troyjo – Será necessário, cada vez mais, muitos datacenters para armazenar dados. E eles são grandes consumidores de energia. Por ora, eles estão instalados no Texas (Estados Unidos), nos Emirados Árabes Unidos – onde tem muito petróleo.

Quer dizer: silício e semicondutores estão para os computadores, assim como os datacenters estão para a “inteligência aumentada”.

Como percebe a economia de Santa Catarina em meio a isso tudo?

Troyjo – Santa Catarina tem posição muito privilegiada. A indústria representa 28 por cento do PIB estadual e a produção é diversificada, com vários ecossistemas distintos num Estado fisicamente pequeno.

E como isso se reflete?

Troyjo – China, Japao e outros países cresceram por conta da ênfase nas exportações. Brasil, Rússia, Venezuela e Turquia fizeram o movimento contrário. E o Estado de Santa Catarina é mais voltado para o comércio exterior. Basta ver que os Estados Unidos são um dos principais clientes de empresas catarinenses. Outro fator relevante: SC é menos dependente das ondas políticas e menos dependente de Brasília do que outros Estados brasileiros.

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