Jorginho Mello evita a foto com Flávio Dino, o ministro que incomoda os bolsonaristas

Em tempos normais da política, a visita do ministro da Justiça a Santa Catarina, especialmente dias após um episódio trágico como foi o ataque à creche de Blumenau, teria atenção total da agenda do governador. Não estamos vivendo, no entanto, tempos normais da política. Assim, o governador Jorginho Mello (PL) priorizou um pequena cirurgia corretiva nos olhos a receber o ministro Flávio Dino (PSB) em Florianópolis, na tarde de quinta-feira, na entrega de 26 automóveis, nove drones, 27.750 munições e 55 pistolas 9mm ao Estado, dentro do programa Pronasci 2.

Jorginho foi representado pela vice-governadora Marilisa Boehm e por dois integrantes do primeiro escalão do governo: o procurador-geral do Estado, Márcio Vicari, e o secretário Edenilson Schelbauer (PL), da Administração Prisional. Coincidência ou não, ao não encontrar Flávio Dino, o governador catarinense acabou evitando uma fotografia que poderia lhe trazer problemas com a base bolsonarista de Santa Catarina, principal responsável por sua vitória eleitoral em 2022.

Flávio Dino tem se notabilizado como o ministro que está na linha de frente do combate entre governo e oposição. É o ministro mais fustigado pelos bolsonaristas e o que mais revida. Já foi chamado duas vezes para falar na Câmara dos Deputados e em ambas houve tumulto e bate-boca – a última vez na terça-feira que passou. É a voz do governo Lula quando o tema é a invasão dos prédios dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário por bolsonaristas radicais em 8 de janeiro. Jorginho, que passou a campanha eleitoral precisando se defender de fotos com a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) conseguiu driblar o incômoda da vez.

Claro que o gesto não passou batido. A deputada federal Ana Paula Lima (PT), que acompanhou Dino em Florianópolis, foi às redes sociais dizer que “Jorginho Mello ignora a dor da nossa população ao não receber o ministro da Justiça, Flávio Dino”. A petista disse que “quem governa tem que saber separar o que é governar para todos e o que é fazer política partidária para alguns”.

A fala sobre parceria institucional entre Estado e União, independente de partidos, ficou para a vice-governadora Marilisa Boehm. Delegada de carreira, sua presença resolveu duas dores de cabeça do titular: não estar na foto com o ministro incômodo e a falta de um secretário de Segurança Pública. Abril já está na metade e Jorginho ainda não encontrou titular para a pasta que fez questão de recriar – o cargo foi extinto no governo Carlos Moisés (Republicanos), que apostou em um modelo de gestão compartilhada entre os chefes das polícias Militar, Civil e Científica, além do Corpo de Bombeiros Militar.

Alheio às questões paroquiais, Dino fez a entrega dos equipamentos de segurança e se solidarizou com os catarinenses, especialmente os de Blumenau e as famílias envolvidas no ataque às crianças. Reforçou a disponibilidade de R$ 250 milhões já anunciados para auxiliar governos estaduais e prefeituras em monitoramento e rondas escolares.

– Compartilhamos autenticamente o sentimento de dor, de perplexidade. Estamos enfrentando, nos últimos anos, uma ideia que seduziu uma pequena parte da sociedade de exaltação da violência. Estamos aqui para fortalecer a parceria com o Estado de Santa Catarina e os municípios de Santa Catarina – disse o ministro.


Sobre a foto em destaque:

Ministro Flávio Dino discursa entre a vice-governadora Marilisa Boehm e a deputada federal Ana Paula Lima. Foto: Roberto Zacarias, Secom-SC.

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