A receita para a reconstrução do PSDB tem como ingredientes a federação partidária, ou até mesmo a fusão com outro partido, e a recuperação da identidade que o partido possuía como contraposição natural ao PT – e, consequentemente, a Lula. Esta é a análise do prefeito criciumense Clésio Salvaro, em entrevista ao quadro Plenário, da rádio Som Maior nesta terça-feira. Salvaro apresentou um panorama para o ano que segue, afirmando que anos ímpares, em função de não possuírem eleições, são os mais apropriados para focar mais na gestão partidária do que na política.
Citando o Progressistas, que surgiu a partir de fusões entre grupos que tiveram ligação com a Aliança Renovadora Nacional (ARENA), o criciumense afirma que a volatilidade dos tempos, na política, impele a incorporação partidária para que as agremiações sobrevivam.
– Imagino que o PSDB também vá federar com outros partidos políticos, ou até uma fusão com outros. Creio que este ano o partido tomará alguma atitude mais forte neste sentido, de federar para ter musculatura e uma posição firme com relação ao governo federal. Não podemos ficar sempre em cima do muro, precisamos ter um lado. Pelo certo ou errado, o eleitor precisa saber de que lado você está. Defendo que o PSDB tome uma posição clara o mais rápido possível.
Salvaro chegou no PSDB em 2004. Afirma que ocupou o espaço vago no partido a fim de torna-lo cada vez mais forte, sem ideias de o abandonar. Após 19 anos, enxerga um PSDB enxuto, muito em razão da sigla ter perdido o posto como protagonista do antipetismo. Afirmando que é preciso “sair de cima do muro”, ele cita figuras históricas que pavimentaram a imagem dos tucanos: Serra, Aécio Neves e Alckmin – que hoje, no PSB), é vice-presidente do governo Lula (PT).
– Estamos passando por um processo de encolhimento, já elegemos 50 deputados federais e hoje elegemos 12 ou 13, mas caímos muito pois ficamos em cima do muro, logo um partido que sempre esteve num lado oposto ao PT. Desde as eleições de FHC, passando pelas eleições de José Serra, Geraldo Alckmin, Aécio Neves, sempre rivalizamos com o PT. Em 2018 e 2022 parece que nos colocaram do lado da esquerda, do PT. Nunca fui de lá, nunca fomos. Precisamos nos reposicionar neste processo.
Essa necessidade se acentua ainda mais após os quatro anos de governo Bolsonaro, que ocupou o antigo espaço peessedebista no embate contra Lula. O prefeito diz que durante a gestão, Criciúma não recebeu repasse federal algum. Os recursos teriam sido conquistados a partir de emendas parlamentares dos deputados Daniel Freitas, Geovânia de Sá e Ricardo Guidi.
– Do governo federal, durante os quatro anos do ex-presidente Jair Bolsonaro, não tivemos um único centavo empregado na cidade por projetos. E não foi por falta de projetos. Apresentamos muitos projetos, mas não veio absolutamente nada, exceto essas emendas parlamentares. Os números são verdadeiros e não podemos negar.
Figura que também já pousou no ninho tucano é o governador Jorginho Mello (PL). A experiência do governador em seus movimentos no início do mandato também foi analisada por Salvaro. Para ele, Jorginho sabe que foi eleito na onda do radicalismo “de direita e esquerda”. Com a possibilidade de a onda marolar em 2026, Salvaro confia na capacidade de articulação do governador para “enxergar onde nós não conseguimos”.
– Em 2026 o clima pode não estar tão favorável, mas o Jorginho sabe como mexer as pedras. Não só na questão do campo político, ele também montou um secretariado muito técnico. Espero muito, mas muito mesmo do governo.