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27 de julho de 2024

Dia de Jorginho em Brasília começa com sorriso tímido para Lula e termina com abraço em Bolsonaro

A terça-feira de Jorginho Mello (PL) foi repleta de emoções. Começou com a reunião convocada pelo presidente Lula (PT) com governadores, ministros e representantes do Judiciário para discutir medidas para aumentar a segurança nas escolas, ainda sob a comoção do ataque criminoso à creche de Blumenau que resultou na morte de quatro crianças.

Avançou para uma conversa com a concessionária do Aeroporto de Navegantes sobre a pleiteada pista de cargas, uma audiência cheia de demandas no Ministério da Fazenda sem o ministro Fernando Haddad (PT) e acabou, para alívios dos aliados, com um abraço afetuoso no ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Foi uma longa terça-feira em que o governador catarinense quase conseguiu evitar uma imagem ao lado de Lula. Um breve registro do cumprimento entre Jorginho e o presidente foi pinçado pela jornalista Maga Stopassoli nas redes sociais do fotógrafo Ricardo Stuckert. Na reunião ampla, o governador teve que esperar a fala de ministros de Lula, da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, e do presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes e mais três governadores antes de dar o seu recado, gentilmente compartilhado com o prefeito blumenauense Mario Hildebrandt (Podemos), convidado de última hora para o encontro.

Em sua fala, Jorginho manteve a linha de evitar o discurso simples sobre aumento da segurança nas escolas e ampliação das punições, destacando a necessidade de maior proximidade das famílias com as crianças e defendendo uma vida um pouco mais analógica. Curiosamente, o tom foi semelhante ao adotado por Lula em seu discurso posterior – ambos chegaram a usar o mesmo exemplo sobre os pais que entregam o celular ou o tablet para os filhos para poderem continuar a conversa dos adultos.

Antes de falar, Jorginho aguardou momentos em que os ministros de Lula e Alexandre de Morais relacionaram diretamente – e de forma que beirou o inapropriado – o ataque às crianças de Blumenau por um degenerado e a invasão da sede do STF, do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto em 8 de janeiro como produtos de uma rede de ódio propagado pelas redes sociais. Ambos são recrimináveis, mas incomparáveis. Ouviu também uma frase irretocável de Alexandre de Moraes: o que é crime fora das redes precisa ser crime nas redes também.

De prático, o encontro teve o anúncio do ministro Camilo Santana (PT), da Educação, de que serão antecipados R$ 3 bilhões para que as escolas estaduais e municipais possam reforçar a segurança de suas instalações – medida possível, embora insuficiente para garantir que os episódios de Blumenau e Saudades não se repetirão. Jorginho falou da contratação da policiais militares da reserva para as 1.053 escolas estaduais e pediu ajuda ao governo federal para pagar a conta. Hildebrandt fez apelo semelhante, ecoando em Brasília a fala de milhares de prefeitos brasileiros.

Ao final, o próprio Lula disse que chamou a reunião para ouvir governadores e prefeitos porque não há resposta exata no horizonte. Outro encontro será realizado em maio. De lá, Jorginho participou do encontro com a CCR Aeroportos sobre a segunda pista no Aeroporto de Navegantes – existe uma sensação de que pouco a pouco a concessionária vai se convencendo dos argumentos do Estado e dos empresários do Vale do Itajaí em relação à necessidade do novo equipamento.

A agenda de Jorginho previa, ainda, um encontro com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Envolvido nas questões do novo arcabouço fiscal, entregue ontem por Lula ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas-AL), o ministro não participou do encontro em que o governador trouxe a agenda de demandas do secretário da Fazenda, Cleverson Siewert, também presente:

– O aval da União para que o Estado possa abater das parcelas da dívida pública os R$ 384 milhões milhões já investidos nas obras das BRs 470, 285, 280 e 163 durante o governo de Carlos Moisés (Republicanos). O pedido ainda está em análise na Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional.

– A prorrogação da DREM (Desvinculação de Receitas dos Estados e Municípios), que autoriza os gestores públicos a usarem 30% das receitas relativas a impostos, taxas e multas em áreas que julguem prioritárias. Também foi pedido é de que o percentual seja ampliado para 35% para que esse excedente custeie os R$ 70 milhões anuais previstos com a contratação de policiais da reserva para vigilância nas escolas estaduais.

– A criação de linhas de crédito para auxiliar os estados no pagamento do saldo de precatórios, além da troca do índice de correção monetária, que atualmente é a Selic.

– A análise e o processo dos mais de 10.400 requerimentos de compensação previdenciária protocolados pelo IPREV no Sistema COMPREV do INSS. A medida reduziria a insuficiência financeira do Regime Próprio Previdenciário do Estado.

Depois dessa agenda cheia, Jorginho buscou abrigo no dono dos votos que o elegeram governador de Santa Catarina – e que faz com que evite tanto fotos posadas com o atual presidente. Com o devido registro nas redes sociais, o governador postou o abraço no ex-presidente Jair Bolsonaro.

– Depois de um dia de muito trabalho em Brasília, não poderia deixar de visitar nosso eterno presidente. Bem-vindo de volta, capitão – exclamou Jorginho, aliviado por escapar incólume de mais uma perigosa agenda de trabalho com o governo federal petista.


Sobre as fotos em destaque:

Registro do cumprimento de Lula e Jorginho (Ricardo Stuckert) e abraço do governador com o ex-presidente Jair Bolsonaro (Instagram de Jorginho Mello, sem indicação de autoria).

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