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27 de julho de 2024

Mdb de SC olha para o centro político para tentar recuperar espaço que a polarização tirou

Sempre costumo dizer que partidos centro (ou centro-direita, centro-esquerda) temos às dezenas, mas com (alguma) torcida organizada, só o MDB. Foi isso que partido pareceu tentar deixar claro com as mobilizações no final de semana, quando foram realizadas as convenções municipais em mais de 200 cidades do Estado – as primeiras sob a batuta do deputado federal Carlos Chiodini na presidência estadual do partido.

Desses encontros, chamou atenção especialmente o realizado em Joinville – maior população do Estado e cidade em que o MDB sempre teve muita força e influência nos destinos políticos da cidade e também de Santa Catarina. O encontro reuniu mais de 200 pessoas e se tornou uma espécie de lançamento da pré-candidatura do deputado estadual Fernando Krelling (MDB).

O parlamentar, agora sob holofotes maiores por ser o líder da bancada emedebista na Assembleia Legislativa, vai se posicionando para ser o antagonista do prefeito Adriano Silva (Novo) nas eleições do ano que vem. Não será um caminho fácil diante do favoritismo do atual prefeito, mas Krelling busca desde já construir o projeto e especialmente a nominata de candidatos a vereador – não à toa, estiveram no eventos nomes já testados na política joinvilense, como o ex-vereador e ex-presidente da Câmara de Vereadores, Fábio Dalonso, e a jornalista Vanessa Bencz, iniciando uma caminhada eleitoral.

Também em Joinville é difícil não perceber que a senadora Ivete da Silveira (MDB) está sendo cada vez mais senadora e menos suplente de Jorginho Mello (PL), de quem herdou o posto no fim do ano passado. Nas últimas semanas, a viúva de Luiz Henrique da Silveira tem abraçado e sido abraçada pelo MDB. Desse abraço, faz parte a aproximação com a direção nacional e com os ministros emedebistas do governo Lula – sem esquecer da visita ao vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) com os dirigentes do Balé Bolshoi.

É emblemático nessa aproximação a posição da senadora de não assinar o pedido de CPI sobre o ataque aos prédios do poderes em 8 de janeiro, uma campanha de oposição bolsonarista no Congresso e que gerou mobilização governista para impedir a abertura que o presidente Lula (PT) e seu entorno consideram inoportuna. Em Joinville, onde o bolsonarismo é muito forte, a posição de Ivete causa desgaste nas redes sociais, mas em Brasília abre portas.

Ela se junta, assim, a Chiodini e Valdir Cobalchini, os dois deputados federais do partido que perderam o medo de serem e parecerem governistas – de usar esse acesso para compensar com influência sobre obras e ações junto aos ministérios, especialmente o dos Transportes, comandado pelo emedebista Renan Filho. Semana passada, em audiência da Comissão de Viação e Transportes da Câmara, Cobalchini e Renan Filho trocaram elogios e o catarinense disse que agora é possível confiar os prazos dados pelo ministério.

Toda essa costura tem estratégia. O desgaste da política tradicional e a polarização entre direita (às vezes extrema) e esquerda (às vezes mais lulismo que esquerda) têm apequenado o MDB. Aqui em Santa Catarina, o partido ainda tem peso e tamanho de maior legenda do Estado, apesar da redução de nove para seis deputados estaduais. O partido é recordista em prefeituras (97) e em vagas nas Câmaras de Vereadores (mais de 800), mas quantos desses postos serão mantidos em 2024 se o partido não buscar um espaço claro no jogo político. A urna já mostrou que ter discurso bolsonarista no MDB não impressiona o eleitor bolsonarista, que prefere votar nos candidatos do partido de Jair Bolsonaro (PL).

Na televisão, a propaganda do partido em Santa Catarina traz um locutor com um tom de voz de quem veio do fim do mundo para anunciar a tragédia e apresenta o MDB como um partido que não só está longe dos extremos, mas que também é uma opção para combatê-los. É um discurso. Afasta-se do bolsonarismo que nunca o recompensou eleitoralmente e marca uma posição de proximidade com o governo federal, não com Lula. Se vai funcionar, é cedo para saber. O que não funcionou, todos já sabemos.


Sobre a foto em destaque:

Convenção do MDB em Joinville mandou sinais da estratégia do partido de fugir dos extremos políticos. Foto: Divulgação.

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