As diferenças de qualidade de vida e de oportunidades de trabalho sempre foram grandes em qualquer latitude. As sociedades, todas elas, sempre se caracterizaram por desigualdades socioeconômicas e acesso diferenciado a bens e serviços. Em Santa Catarina, obviamente, não é diferente.
Os números do mais recente levantamento sobre o Produto Interno Bruto (PIB) apontam, mais uma vez, nessa direção. Os três municípios que lideram o ranking – Itajaí, Joinville e Florianópolis – respondem, juntos, por mais de um quarto de tudo o que se produz no Estado: exatamente 27,2% do bolo. A soma da população destes municípios representa pouco menos de um quinto do total dos 295 municípios de Santa Catarina: 18,4%.
O PIB de Santa Catarina e de R$ 428,6 bilhões (dados oficiais de 2021), aumento de 6,8% na comparação com o ano anterior.
Outro olhar sobre a formação da riqueza no Estado mostra o líder, Itajaí, na 23° posição no ranking nacional, com R$ 47,7 bilhões. Joinville surge em 25° lugar, com riqueza de R$ 45,06 bilhões e a capital, Florianópolis, figura no 51° lugar entre todos os municípios do país. No caso, o PIB da Capital soma R$ 22,5 bilhões.
Mesmo quando se amplia o olhar, a concentração de riqueza permanece. Assim ocorre ao observarmos a formação de metade da riqueza estadual.
Apenas 11 municípios criam 49,5% de tudo o que se produz em Santa Catarina. Destes, sete se localizam no Litoral, dois na região do Vale do Itajaí, um na região Nordeste e outro no Oeste do Estado. São eles e seus respectivos percentuais de participação do PIB:
- Itajaí: 11,2%
- Joinville: 10,5%
- Florianópolis: 5,5%
- Blumenau: 4,8%
- São José: 3,3%
- Chapecó: 3,2%
- Jaraguá do Sul: 2,8%
- Criciúma: 2,3%
- Brusque: 2%
- São Francisco do Sul: 1,99%
- Palhoça: 1,92%
O que isto nos mostra? Mostra que a ideia de “deslitoralização” do desenvolvimento não vingou, embora algumas ilhas de progresso tenham se estabelecido mais distante do eixo econômico permeado pela BR-101 e adjacências.
Sim, fica claro que politicas publicas com benefícios fiscais e de outras naturezas ainda são insuficientes para motivar a maioria dos investidores a aplicar seus recursos longe de onde infraestrutura, logística e qualidade de vida já se estruturaram há décadas.
Os dados do IBGE estão aí a demonstrar essa realidade.
Itajaí durante o The Ocean Race. Foto: Roberto Zacarias, Secom-SC.