Em Santa Catarina, 120 municípios ainda não concluíram a integração necessária para operar a Nota Fiscal de Serviços Eletrônica (NFS-e) no padrão nacional, mesmo com 295 adesões já formalizadas no Estado, o que acende um alerta urgente entre especialistas, já que essa etapa é fundamental para garantir que os contribuintes possam emitir a nota unificada exigida pela legislação a partir de 1º de janeiro de 2026. Além dos impactos operacionais, a não conclusão da integração pode resultar no bloqueio de transferências voluntárias até a regularização, conforme estabelece o art. 62, §7º da Lei Complementar nº 214/2025.

A situação catarinense replica uma realidade nacional ainda mais ampla. No Brasil, embora 5.070 municípios tenham aderido formalmente ao convênio da NFS-e, 3.227 permanecem sem finalizar os ajustes que permitem o pleno funcionamento da plataforma, revelando que a fase mais complexa da implantação ainda está longe do encerramento. A adesão, por si só, não garante que o contribuinte conseguirá emitir a nova nota e nem que o município não corre risco de bloqueio de transferências voluntárias, já que a operação depende de parametrizações, testes e integração com o Ambiente de Dados Nacional (ADN).
Para Adriano dos Santos, administrador da Contributo Estudos Tributários, o risco está justamente nessa distância entre o ato de aderir e o ato de operar. Segundo ele, a etapa de configuração é complexa, e exige atenção de gestores e servidores responsáveis.
“A nota padrão nacional de serviço é uma etapa da Reforma Tributária de Consumo, que precisa ser cumprida por todos os municípios até 31 de dezembro de 2025. Além do convênio, cada cidade precisa configurar o sistema com as regras locais e orientar os contribuintes sobre essa nova realidade, o que exige atenção e cuidado no preenchimento das informações. A atenção a esse ponto é fundamental, pois o município que não finalizar todas as etapas, pode ter algum tipo de restrição no recebimento de recursos a partir de 1º de janeiro de 2026”, afirma Adriano.
A NFS-e padrão nacional representa uma das principais bases estruturais da transição tributária que antecede o início do IBS e da CBS. Durante esse período, o ISS continuará sendo cobrado normalmente, mas dentro de uma lógica unificada, em que todas as informações dos tributos vinculados ao serviço prestado serão registradas em um único documento fiscal. Isso faz com que a nova nota seja um elo de comunicação entre o prestador, a Receita Federal e os diversos fiscos envolvidos.
Além de cumprir exigências legais, a adoção da NFS-e promete benefícios concretos para a gestão municipal, tais como maior controle sobre a arrecadação, redução de custos com manutenção de sistemas próprios e transparência no fluxo de informações. Para os contribuintes, a mudança tende a simplificar obrigações, evitando duplicidade de sistemas e procedimentos que variam de uma cidade para outra. No entanto, esses benefícios só se concretizam com a integração efetiva dos sistemas.
Além dos municípios, os prestadores de serviços também precisam ajustar suas plataformas, garantir que seus softwares próprios estejam integrados ao ADN e preencher corretamente as informações obrigatórias, que passam a ser compartilhadas em nível nacional. Cidades com sistemas próprios deverão adaptar seus emissores ao layout padrão, enquanto aqueles que não possuem um emissor local deverão utilizar as ferramentas disponibilizadas pela Receita Federal.
Mesmo com a padronização, a autonomia municipal é preservada em temas como alíquotas, regimes especiais, isenções e regras de retenção. Mas o formato da nota, o layout e as validações técnicas não podem ser alterados localmente, exigindo das prefeituras uma preparação rigorosa para atender às normas estabelecidas pelo comitê gestor da NFS-e.
Adriano reforça que a etapa operacional é decisiva e que os municípios não devem esperar 2026 para agir. “Ainda existe a impressão de que a conclusão é simples, mas não é. Ela envolve testes, ajustes, integração técnica e capacitação das equipes. Aqueles que deixarem para a última hora vão enfrentar dificuldades reais e imediatas, e o contribuinte será o primeiro a sentir os impactos”, alerta o profissional.
Com o prazo se aproximando, especialistas recomendam que as prefeituras acelerem a execução, mobilizem equipes técnicas e comuniquem com clareza os prestadores de serviço sobre como será a transição, já que a hora de agir é agora, antes que o prazo legal transforme a falta de integração em um problema de grandes proporções, inclusive em relação ao recebimento de recursos.
Para consultar a situação de seu município em relação a integração, acesse contributo.info e veja o monitoramento em tempo real disponibilizado pela Receita Federal do Brasil.






