Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referentes ao ano de 2021, indicam queda da participação do fator trabalho na formação do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Naquele ano, os salários sequer chegaram a 40% do total do PIB: foram de 39,2%. Na análise comparativa, este já é o menor percentual desde que este estudo começou a ser feito, em 2004.
O mesmo levantamento aponta crescimento da participação da apropriação das empresas. Saltou 32,1% no ano de 2015 para 37,5% verificados em 2021. O que se observa ao analisar a série histórica: este índice significa a maior participação do excedente operacional bruto (que popularmente se traduz como sendo o lucro) apurado desde o ano 2000.
Quais fatores explicam essa situação? Pelo menos três elementos influenciam.
- A queda da real da renda do trabalhador;
- Aumento dos ganhos das companhias por conta da automatização e digitalização dos serviços;
- Constata-se incremento, cada vez mais significativo dos trabalhos via pessoa jurídica, as PJs, substituindo os contratos de relação de emprego tradicionais, por meio da CLT.
Está aí porque só vem aumentando o número de MEIs, as microempresas individuais, tão características de tempos em que a sobrevivência se impõe quando se não tem mais carteira assinada.
Não é por acaso, então, que estudo preparado pela consultoria LCA e publicado no jornal Valor Econômico na última quarta-feira, dia 7 de fevereiro, revela: o total de demissões totalizaram 7,3 milhões de pessoas – um terço do total de desligamentos feitos nas empresas no ano passado em todo o país. Alta superior 7% na comparação com o ano de 2022.
Natural que o nível de escolaridade tenha grande influência no resultado: quanto maior o grau de instrução, maior a possibilidade do trabalhador pedir a conta.