A obrigatoriedade de cada partido indicar o mínimo de 30% de mulheres filiadas para concorrer no pleito, na eleição para vereador, trouxe reflexos importantes para a representação feminina nas Câmaras Municipais, em 2020. Com a mudança, Santa Catarina teve um aumento de 31% no número de candidatas, o que resultou em um crescimento de 35% de vereadoras eleitas. Apesar de ser um avanço, o estado ainda tem 37 cidades sem mulheres no legislativo.
Conforme pesquisa da coluna, na última eleição mais de 12% dos municípios catarinenses não elegeram mulheres para atuarem nos seus legislativos. Em essas cidades não há vereadoras para fiscalizar, legislar e defender os interesses da população. Dos 2980 vereadores catarinenses, somente 525 são mulheres, 17,6% do total.
Águas Frias e Ipira, na região oeste catarinense, são as cidades com maior representação feminina no parlamento municipal, 55%. Em Águas frias há um diferencial importante: a Câmara é presidida por Ediane de Carli Trevelin (MDB) e a mesa ainda é composta por mais três vereadoras (foto): Luana Basso (PSDB), Tatiane Andressa Sabino (PSD) e Simoni Ballena (MDB).
De acordo com o assessor de imprensa do Tribunal Regional Eleitoral (TRE/SC), Jairo Grisa, – ainda não existe um planejamento oficial com relação a ações de estímulo para a ampliação da representatividade da mulher no processo eleitoral-. A expectativa é que com a posse de uma mulher, para comandar a instituição, a questão seja uma das pautas prioritárias. A desembargadora Maria do Rocio assume a presidência do TRE/SC no próximo dia 8 de março.
Para a deputada estadual Paulinha, coordenadora da bancada feminina na Assembleia Legislativa de Santa Catarina e secretária da Mulher, a garantia de um mínimo de mulheres na eleição é importante, mas ainda é preciso avançar. A parlamentar defende um esforço maior também dos partidos políticos.
– Tem que haver o esforço dos partidos políticos, de valorar essas candidaturas, de dar às mulheres que experimentam pela primeira vez um processo eleitoral mais ferramentas para que elas sejam assertivas no seu momento de pedido de voto. A preocupação dos partidos para com as mulheres geralmente se encerra no momento da inscrição da candidatura, quando eles preenchem a obrigatoriedade eleitoral.
Texto: Soledad Urrutia
Foto: Câmara Municipal de Águas Frias/ Gilmar Bortese