Em meio a uma bancada marcada por posições ideológicas e alinhamento automático ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o deputado federal Jorge Goetten tem se destacado por ser um político aos moldes tradicionais dentro do PL catarinense. Forte na construção da uma base política que engloba Alto Vale, Vale do Itajaí e Planalto Norte, o parlamentar é menos afeito às polêmicas de redes sociais que os colegas de partido e bancada. Em uma rápida entrevista, após um café em Florianópolis, ele falou sobre suas posições políticas e o planejamento para ajudar aliados nas eleições municipais deste ano.
- O senhor muitas vezes é criticado por votar em alguns temas com o governo Lula (PT), mesmo sendo do PL. Como lida e explica essa crítica do eleitor?
- Eu exerço meu mandato com muita coerência, fui eleito em oposição ao governo do presidente Lula, mas não sou oposição ao país. Sou leal e fiel a Santa Catarina, os municípios e ao Brasil. Sempre que tem uma votação em benefício aos municípios e ao Estado de Santa Catarina, eu vou votar a favor. Eu sei da necessidade da importância que nossos municípios tem de ajuda e de apoio de Brasília e de Florianópolis.
- O Alto Vale, especialmente Rio do Sul e Taió, viveu um drama ano passado com a questão das cheias. As expectativas na região agora são por obras que evitem esse drama ou pelo menos que minimizem a situação. Se não tiver obra, muita gente diz que vai embora. Como o senhor está auxiliando nesta questão?
- Tenho falado para os nossos conterrâneos quando eu falo em enchente estou falando em causa própria. Já passei por 17 enchentes. Também tenho dito para as pessoas que, se possuem uma propriedade na cota de 10 metros em Rio do Sul, mantenham seus patrimônios, não se desfaçam. Com as obras de prevenção que o governador Jorginho Mello iniciará neste semestre, a barragem de Mirim Doce e de Petrolândia, o desassoreamento e dragagem do rio Itajaí-Açú e a manutenção das barragens de Taió, Ituporanga e Rio do Oeste, os danos das cheias irão diminuir.
- O plano Jica vai deixar de ser só um plano?
- Já deixou de ser! Logo a população do Alto Vale verá as máquinas roncando ali. Faz mais de 40 anos que o prefeito Nodji Perizetti (prefeito de Rio do Sul entre 1989 e 1992 e entre 1997 e 2000 pelo PDT, já falecido) que colocou uma dragagem no Rio Itajaí-Açú. Agora o governador Jorginho Mello vai investir mais de R$ 500 milhões na contenção das cheias do Alto Vale. Isso irá mudar nossa economia, vai fazer com que as pessoas que morem nessa região, que são felizes e que querem continuar criando seus filhos ali, tenham motivação para isso.
- Como o senhor vê a situação eleitoral do PL, especialmente no Alto Vale? O partido tem uma tendência muito forte de crescer.
- Com certeza! São muitas lideranças vindo para o PL até o fechamento da janela (em abril)Estão vindo muitas lideranças, muitos candidatos a vereador, prefeito e vice. Temos parcerias com outros prefeitos, não somos gulosos. Queremos parcerias e temos preferência pelo PP e o MDB, mas estamos abertos a coligar com outros partidos também. Sairemos das urnas como um dos maiores partidos do Alto Vale, assim como no Planalto Norte, que tenho acompanhado frequentemente, e outras regiões como o Vale do Itajaí. O deputado estadual Oscar Gutz tem feito um trabalho muito grande organizando o PL no Alto Vale.
- O senhor atua também em Itajaí, como vê as eleições lá?
- Toda eleição tem sua complexidade, mas temos dois bons candidatos no PL, o Rubens Angioletti e o Robison Coelho. Espero que o Rubens não traia o governador e a deputada estadual Ana Campagnolo (PL) e se mantenha no partido. E a partir de abril, será decidido quem será o candidato. Quem a população indicar como o melhor nas pesquisas, será o nosso candidato.
- Recentemente o governador Jorginho Mello recebeu na Casa d’Agronômica o vereador e pré-candidato a prefeito de Itajaí pelo PSD, Osmar Teixeira. Cabe o Osmar no PL?
- O Osmar também é um bom candidato, é uma boa liderança de Itajaí. Cabe o (Carlos) Chiodini do MDB e várias lideranças de outros partidos para se coligar conosco.
Foto – Jorge Goetten na tribuna da Câmara dos Deputados. Crédito: Bruno Spada, Câmara dos Deputados.