Campanha “Mulher: o Voto que Muda a Política” é lançada em sessão especial na Alesc

Estimular a participação feminina na estrutura político-social e reconhecer a importância dos posicionamentos das mulheres e suas conquistas é o objetivo da campanha “Mulher: o voto que muda a política”, lançada na noite desta segunda-feira, em sessão na Assembleia Legislativa presidida pela deputada Paulinha (Podemos). 

A proposição é das deputadas Paulinha, que é coordenadora da Secretaria da Mulher, e Luciane Carminatti (PT), procuradora da Mulher na Alesc.

Participação feminina na política 

A intenção da campanha é incentivar e apoiar candidaturas de mulheres, e desde já, desenhar um cenário diferente para as eleições de 2024.

Nas últimas eleições municipais, os catarinenses elegeram 525 mulheres para o legislativo, o que representa apenas 17% dos eleitos.

A deputada Luciane Carminatti (PT),  destacou que esse tema deve ser tratado durante os 365 dias do ano, e não apenas no mês de março.

Dados da participação feminina na política nacional

De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE),  mulheres representam  52% do eleitorado brasileiro mas apenas 33% das candidaturas são femininas. Destas, apenas 15% são eleitas. 

Luciane Carminatti destacou que a situação não tem se alterado nos últimos 20 anos.

O Observatório Nacional das Mulheres na Política analisou dados das eleições de 2002 a 2022 e mostrou um resultado bastante desafiador para nós mulheres que lutamos por mais espaço na política. O número de deputadas estaduais eleitas passou de 12,65% para 17%. Em duas décadas não chegamos a 1/5 de todos os deputados eleitos no país. São quatro homens para cada mulher eleita, numa relação evidentemente desigual de poder – disse a parlamentar.

De acordo com a deputada, “o crescimento mais expressivo foi o de deputadas federais que passou de 8,19% em 2002, para 17,74% em 2022.”

Já no Senado Federal, em 20 anos o número de senadoras brasileiras se manteve em 14,81% das cadeiras. 


Trazendo mais dados, Luciane apresentou que o Tribunal Superior Eleitoral mostrou que, em um ranking de 186 países, o Brasil está com 17.5% do parlamento composto por mulheres, enquanto a média mundial é 25.7%. 

Homenagens

Durante a cerimônia de lançamento da campanha, foram homenageadas 27 mulheres que desempenham papel transformador no estado e contribuem para construção de uma sociedade mais justa, igualitária e representativa.

Entre as homenageadas da sessão especial, a desembargadora Maria do Rocio Luz Santa Ritta, empossada presidente do Tribunal Regional Eleitoral em Santa Catarina, é a primeira mulher a conduzir uma eleição no Estado.

Segundo a desembargadora, sua intenção à frente do TRE é fazer uma política de acolhimento para que as mulheres se sintam mais valorizadas e acolhidas.

As mulheres precisam ser mais incentivadas, pois a política é um espaço predominantemente masculino. Buscamos mudar essa realidade com ações afirmativas, como a política de cotas para encontrarmos a igualdade material entre homens e mulheres. Também precisamos da contribuição dos homens para chegarmos a esse nível de qualidade – diz Maria Santa Ritta.

A desembargadora acredita que “o lançamento da campanha sobre a importância do voto das mulheres representa o início de um longo caminho. Temos mais de 50% do eleitorado feminino, então a representação tem que ser maior, temos que ter consciência para construir uma representação mais igualitária”.

Luciane Ceretta, reitora da Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC), destacou ser fundamental uma campanha que trabalhe a participação da mulher na política nos dias atuais, como também é importante homenagear mulheres que se destacam em suas áreas e que, por conta disso, enfrentaram inúmeros desafios, superaram esses desafios e conseguiram se consolidar.

 É algo de muito significado e que, com certeza, inspirará muitas outras mulheres a também ter a coragem e a persistência para ocupar os lugares que lhes são de desejo – prossegue a professora.

A vereadora Marcilei Vignatti, presidente da União dos Vereadores de Santa Catarina (UVESC), acredita que as mulheres precisam ser reconhecidas pelo espaço que ocupam na sociedade e pelos estímulos que produzem em outras mulheres para a participação política.

A participação das mulheres muda os processos democráticos e a gente faz com que a política fique mais inteira para representar toda a sociedade – completa a parlamentar.

Sobre as homenageadas, Paulinha exaltou, ainda, as servidoras da Casa que receberam suas placas.

Entre as nossas homenageadas desta noite, nós temos aqui as nossas amadas servidoras, aquelas que estão na casa há muitos e muitos anos servindo a todos nós, Zélia Terezinha de Souza, Maria da graça Rogério e Rosália Soares, porque nós entendemos, eu e a colega Luciane Carminatti, que uma mulher que entrega uma vida ao servir não pode deixar de receber o nosso aplauso – disse Paulinha.

Receberam homenagem, também, pelas mãos das deputadas Paulinha e Luciane, da ex-deputada Ada de Luca e do deputado Marquito (Psol), a desembargadora do Tribunal Regional Federal da quarta região, Ana Cristina Ferro Blasi; a vice-reitora da Universidade Federal de Santa Catarina, Joana Célia dos passos; a presidente da Ordem dos Advogados do Brasil em Santa Catarina, Cláudia da Silva Prudêncio.

Também foram homenageadas a vice-prefeita de Joinville, Rejane Ganbim;  a presidente do Conselho Regional de Contabilidade de Santa Catarina, Marisa Luciane Schwab, a presidente da associação dos magistrados de Santa Catarina, juíza de Direito, Janeara Maldaner Corbetta; a presidente da associação catarinense de imprensa, Débora Almada.

A sessão homenageou ainda, a secretária de Inclusão da Pessoa com Deficiência e Paradesporto do município de Blumenau, Gisele Chirolli; a vice-presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia, Fernanda Vione; a secretária Municipal de Turismo, Esporte e Cultura de Florianópolis, Zena Becker; as vereadoras do município de Águas Frias, e as vereadoras do município de Ipira.

Paulinha concluiu a sessão com uma palavra de gratidão às mulheres componentes da Mesa.

Nós reconhecemos e entendemos as nossas rotinas. Boa parte do tempo que nós vivemos no nosso dia a dia, não nos permite compartilhar, amparar, abraçar, estar próximas de mulheres. Nós temos muitas demandas, absorvemos e entregamos com mais responsabilidade os temas que estão no nosso entorno. A mulher se faz mais presente na vida da sociedade, na vida da sua família, por isso eu quero deixar o meu registro de gratidão a todas as mulheres que largaram seus compromissos para estar aqui conosco nesta noite – finaliza.

Foto: Vicente Schmitt/Agência AL

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