Saneamento básico e dengue. Por Arthur Bobsin

Advogado Arthur Bobsin relaciona casos de dengue à falta de saneamento básico

Por Arthur Bobsin

O relatório epidemiológico para o Aedes aegypti (LIRAa) em Santa Catarina destaca que 47 municípios estão em situação de alto risco de transmissão da dengue. Outros 69 municípios apresentam um risco médio, enquanto 34 estão classificados com baixo risco.

Em Santa Catarina, foram registrados 17.696 casos prováveis de dengue distribuídos em 177 municípios, indicando um aumento de 650% em relação ao ano de 2023. Diante desse cenário, além das medidas já tomadas, como o decreto de emergência e a intensificação das ações de combate ao mosquito, é crucial que a população esteja ciente do perigo de manter hábitos que favoreçam a proliferação do Aedes aegypti.

Mas qual o impacto de campanhas e de hábitos que impeçam a proliferação do mosquito, se o Poder Público não investe em saneamento básico? É fato que a falta de saneamento básico, presente no cotidiano de milhões de brasileiros, contribui para o aumento da proliferação do mosquito Aedes aegypti.

Milhões de famílias enfrentam condições sanitárias extremamente precárias, o que as torna cada vez mais vulneráveis a problemas de saúde. A falta de infraestrutura adequada, como a ausência de coleta de esgoto e o armazenamento inadequado de água, contribui significativamente para o acúmulo de água parada, proporcionando um ambiente propício para a proliferação dos mosquitos transmissores da dengue.

A difícil realidade observada no país reflete um cenário em que milhões de residências enfrentam algum tipo de carência em saneamento básico. De acordo com os dados do Instituto Trata Brasil, entre as moradias brasileiras, quase 9 milhões não têm acesso à rede geral de água; aproximadamente 17 milhões recebem água de forma irregular; cerca de 11 milhões não possuem reservatório de água adequado; aproximadamente 1,3 milhão não dispõe de banheiro, e 22 milhões não têm acesso à coleta de esgoto.

O impacto do saneamento precário vai além, beneficiando também a propagação da dengue. As larvas do Aedes podem eclodir tanto em água parada limpa quanto suja. Além disso, o odor emitido em substâncias encontrados em água sem tratamento, atrai o mosquito, indicando um ambiente favorável para a postura de ovos.

Portanto, a ausência de saneamento propicia um aumento na disponibilidade de potenciais criadouros de mosquitos. Com a falta de acesso a água em quantidade e qualidade adequadas para as atividades cotidianas, as pessoas são obrigadas a armazenar água em uma variedade de recipientes. Na maioria das cidades brasileiras, esses recipientes “informais”, utilizados pela população para armazenar água para seu próprio consumo, tornam-se criadouros de mosquitos.


Arthur Bobsin é advogado.
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