Por Marcos Pereira
Tem couro de jacaré, tem rabo de jacaré, tem dente de jacaré, então como não é jacaré?
A frase é de Leonel Brizola, que governou o Rio Grande do Sul, de 1959 a 1963. O velho ditado popular foi usado – com muito bom humor – para definir um dos seus adversários políticos.
Estamos em ano eleitoral e a tese de Brizola nunca serviu tão bem para a atualidade. Até por que, já vemos pré-candidatos vestindo o ‘mantro’ da política, na expectativa de uma vitória em outubro de 2024.
Ao usar o réptil milenar para um exemplo paradoxo, o ex-governador gaúcho deixa claro o que todos deveriam saber – não só os políticos: as pessoas nos julgam por aquilo que parecemos ser diante delas.
No livro ‘Psicologia do Vestir’, o autor Umberto Eco ratifica o pensamento de Leonel ao afirmar que, sim: as ‘vestes falam’. Lembro-me dos grandes comícios feitos na década de 1990, em que candidatos subiam nos palcos, arregaçavam as mangas das camisas brancas para transmitir a ideia que estavam dispostos a trabalhar em prol do povo.
Mas não adianta apenas portar-se como jacaré. Toda a base da nossa comunicação precisa de fundamentos essenciais. E o pilar chamado ‘Não Verbal, ’ é um dos mais importantes.
Segundo o professor Albert Mehrabian, uma mensagem assertiva interpessoal tem a seguinte composição: 7% palavras, 38% voz e 55% linguagem corporal.
Portanto, o corpo entrega muito mais do que ‘apenas’ queremos dizer. E ele não mente.
Quem pretende conquistar a atenção do eleitor – inclusive no digital – terá que dominar as habilidades da oratória para não ser confundido com um candidato despreparado ou fake news.
E ao público eleitor, um recado: em tempos de inteligência artificial, muito cuidado. Já tem muito jacaré e avatar pedindo votos por aí.
Marcos Pereira é âncora na Jovem Pan Joinville, especialista em comunicação, mentor de executivos em oratória e media training e assessor de imprensa.