Quem se importa com plano de governo? Por Maurício dos Santos

Jornalista Maurício dos Santos escreve sobre a importância dos planos e programas de governo na diferenciação dos candidatos

Por Maurício dos Santos

“Educar e governar são práticas impossíveis” publicou em 1921 o cientista social e psicanalista Sigmund Freud no artigo “Psicologia das Massas”. Há pouco mais de seis meses para as eleições municipais, os 5.565 municípios brasileiros se preparam para, através de uma nova eleição, transformar a gestão pública um lugar possível, democrático e participativo. 

Seja uma vitória eleitoral ou política, o desafio do(a) candidato(a) é deixar um legado em uma campanha. A vitória será sempre do seu Plano e Programa de Governo. O desafio está no palco das ideias. Pensando nisso, qual nova ideia traz o seu planejamento e é apresentado na pré-Campanha?

As cidades que possuem segundo turno terão uma tendência maior à polarização, uma vez que uma nova eleição é construída em tempo recorde para a segunda votação. 

A exemplo de São Paulo e Florianópolis, essas cidades têm características diferentes, e os grandes pólos ideológicos se organizam de maneira estratégica. Portanto, o que diferencia a pré-candidata assumidamente progressista Tábata Amaral (PSB) do pré-candidato Guilherme Boulos, do PSOL? 

Adaptando à realidade da capital catarinense, o que torna Vanderlei Lela, pré-candidato a prefeito pelo Partido dos Trabalhadores (PT), diferente de Marquito do PSOL?

O plano e programa de Governo será a resposta! Simples assim.

Os eleitores paulistanos vão aprender a compreender as diferenças entre Tabata (candidata do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin) e Boulos (candidato do presidente Lula) através deste documento tão importante.

A carta oficial, registrada na Justiça Eleitoral e publicada no site de campanha dos futuros candidatos, também será necessária para sabermos as diferenças entre Lela e Marquito.

O ex-vereador do PDT é apoiado por Lula, enquanto o único deputado estadual de esquerda eleito pela Grande Florianópolis e Litoral recebe o apoio da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Mas só isso não basta, correto?

As mídias digitais de Lela e Marquito também seguirão as diretrizes de seus planos e programas. O eleitor de Floripa merece propostas. Pois pré-campanha é momento de falar do passado de cada líder, ou seja, o que Tabata e Boulos; Lela e Marquito fizeram por suas comunidades.

A eleição, então, é o momento marcado por planos que dialogam com o futuro. Por isso, os debates terão um papel ainda mais importante (e por que não dizer decisivo) nas campanhas de 2024. É no debate que vamos ter a certeza, o que pensam e como pensam cada candidato.

Há também os que se consideram no campo do centro no espectro político, ou seja, fora da polarização. Como definir então Pedrão Silvestre, o popular Pedrão, e o ex-prefeito e ex-senador Dario Berger? Os planos de governo de ambos são muito esperados.

Será que Pedrão prefeito pensaria diferente do Pedrão que foi o vereador mais votado da cidade em 2016? Ou Dario mudou algum pensamento ou acrescentou uma nova ideia sobre a nossa cidade?

Será também um momento crucial para saber o que diz a “Direita Liberal” e “Direita Conservadora” localizada aqui. E se elas existem, certamente estarão nos planos e programas do prefeito Topázio Neto, do Partido Liberal (PL) e do Novo (que certamente terá suas ideias extraídas em algum Plano Municipal).

É preciso ir além do básico e do pensamento genérico, em uma pré-campanha e campanha. O ato de planejar enquanto um processo político é complexo e requer um referencial consistente. É acentuada a importância do planejamento para a política pública.

Seja para imprimir maior qualidade ao trabalho cotidiano ou para subsidiar estudos, o tema “Planejamento” e “Plano/Programa de Governo” deveriam ser eleitos os protagonistas. 

PLANO: É mais abrangente e geral; Deve contemplar as linhas políticas, estratégias e diretrizes; Marco de referência para estudos setoriais e/ou regionais para subsidiar a elaboração de programas e projetos específicos; Deve sistematizar objetivos e metas; Deve contemplar os tipos e a magnitude dos recursos humanos, físico e instrumentais indispensáveis, acompanhados, sempre que possível, de cronograma; Deve atribuir responsabilidades de execução, controle e avaliação dos resultados; Deve especificar as fontes e/ou modalidades de financiamento; Maior nível de agregação de decisões.

PROGRAMA: É o desdobramento do plano; Os objetivos setoriais do plano constituirão os objetivos gerais do programa; Permite projeções mais detalhadas; Deve conter a estratégia e a dinâmica de trabalho a serem adotadas para a realização do programa; Contempla as atividades e os projetos que comporão o programa, bem como os recursos humanos, físicos e materiais a serem mobilizados.

PROJETO: Sistematiza e estabelece o traçado prévio da operação de um conjunto de ações;Proposição de produção de algum bem ou serviço, com emprego de técnicas determinadas, com a finalidade de obter resultados definidos em um período temporal específico e conforme limite de recursos; É a menor unidade do processo de planejamento; Executa empreendimentos mais específicos.

Definitivamente: as campanhas terminam, mas um Plano e Programa de qualidade é eterno e eternizado! Vitória da ideia; ela é a protagonista do processo político. E aí, qual é a sua?



Maurício dos Santos é jornalista, escritor, mestre em Gestão de Políticas Públicas e especialista em Ciência Política.

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