Moacir da Silva escreve artigo sobre a disputa política em São José, que, segundo ele, desvia a atenção das necessidades urgentes da cidade, como a falta de obras, a insegurança, o trânsito congestionado e o fechamento da Universidade da cidade.
Da Serraria à Praia Comprida, São José pede mudança. Meses antes da eleição que definirá o futuro de nossa cidade, o josefense é posto no meio de uma briga política entre agentes que, até pouco tempo, integravam o mesmo grupo político. Agora, disputam para ver quem é mais bolsonarista. Enquanto isso, o município, com demandas urgentes e antigas, é posto em escanteio – junto aos verdadeiros anseios e necessidades da população.
Segundo dados do IBGE, em 2022, São José tinha 270.299 habitantes. A quarta cidade mais populosa de Santa Catarina. Com uma área total de 150,499 km², é também uma das com maior densidade demográfica no Estado. Cerca de R$ 1 bilhão é arrecadado anualmente no município. Somos a cidade com maior valorização imobiliária, mas em nossas ruas os moradores de ruas se multiplicam, a insegurança cresce, o trânsito não flui. Frente aos números, é impossível não se perguntar como São José seria caso o dinheiro arrecadado fosse visto em forma de obras, resoluções e soluções.
Em vez disso, o que vemos é o oposto. Recentemente, a Universidade de São José fechou as portas. Com isso, o sonho do ensino superior de centenas de josefenses também se viu mais distante. O caso também é motivo de briga política e muitas acusações eleitoreiras, embora os dois protagonistas do fechamento hoje se coloquem como rivais frente ao povo. Mas o povo não é bobo.
Não apenas devemos lutar para retomar as atividades da UJS, como também acreditamos que com R$ 1 bilhão, dá pra fazer muito mais – também no ensino fundamental, através de escolas integrais em que as crianças tenham acesso à educação pública de qualidade, arte, cultura e alimentação.
Na saúde, também precisamos avançar. Sobretudo, no acolhimento das pessoas – mesmo que depois para encaminhar a outras esferas do poder. Dentro das especialidades, precisamos abrir portas que a cidade e as pessoas, hoje, têm carência e não sabem a quem procurar. Um exemplo é a psiquiatria, ainda fortemente estigmatizada na sociedade.
Dá, também, para ir além. Nas conversas pelas ruas, percebemos a grande preocupação das pessoas com a segurança, com a possibilidade de ir e vir, de transitar no próprio bairro sem temer ser a próxima vítima nos noticiários. E temos todas as condições de dar segurança ao cidadão: temos recursos, expertise, estrutura. O que não tem, aparentemente, é boa vontade dos gestores. O que a cidade precisa é de menos brigas e mais responsabilidade e compromisso com a nossa gente.