Adriano Weickert, subsecretário de Pesca, Maricultura e Agricultura de Florianópolis é apontado como, supostamente, integrante do esquema de corrupção na Capital responsável por levar Ed Pereira, ex-secretário de Turismo, Cultura e Esporte para a cadeia no dia 29 de maio.
Segundo a Polícia Civil de Santa Catarina, responsável pela operação que teve mais um desdobramento na última sexta-feira, Weickert seria um dos principais beneficiários de um esquema criminoso de desvio de verbas públicas.
Como funcionava supostamente o esquema:
Segundo a investigação da Polícia Civil de Santa Catarina o esquema funcionava por meio de alguns passos básicos.
Criação de Projetos Falsos: Envolvidos, como Adriano da Pesca e o vereador Gui Pereira, eram, supostamente, identificados como “donos” de projetos sociais. Esses projetos eram apresentados como legítimos, mas na verdade eram usados para desviar dinheiro público.
Uso de Entidades de Fachada: As entidades envolvidas eram criadas ou utilizadas para parecer que estavam executando projetos sociais. No entanto, essas entidades eram controladas pelos mesmos envolvidos no esquema.
Emissão de Notas Fiscais Falsas: Para justificar o uso do dinheiro público, eram emitidas notas fiscais falsas por serviços que nunca foram realizados.
Distribuição do Dinheiro Desviado: O dinheiro, que deveria ser usado nos projetos sociais, era desviado para os “donos do projeto” e outros membros do grupo criminoso. Esses “donos” recebiam uma parte do dinheiro como pagamento.
Comunicação Interna: Conversas entre os envolvidos, como Renê e Edmilson, mostram como eles discutiam e planejavam o desvio de recursos. Eles mantinham listas com nomes dos “donos” dos projetos e garantiam que esses “donos” estavam cientes e de acordo com as operações.
Poder de Decisão: Os “donos de projetos” tinham poder de decisão sobre os projetos, podendo influenciar quais projetos seriam apresentados e como os recursos seriam desviados.
As conversas
De acordo com as investigações, Adriano Weickert, nomeado em 5 de janeiro de 2023, tem sido apontado como um dos “donos do projeto” (os projetos supostamente fraudulentos citados anteriormente) nos documentos compartilhados pela organização criminosa. São estes projetos que destinavam parte do valor arrecadado para os envolvidos, a quantia dependia de cada uma das situações.
Segundo a análise de conversas extraídas do celular de Renê Raul Justino, um dos envolvidos no esquema preso na mesma data que Ed Pereira, Adriano foi mencionado dezenas de vezes como beneficiário dos projetos fraudulentos. As conversas indicam que ele teria recebido parte dos recursos desviados.
Seu nome aparece identificado em algumas planilhas extraídas do celular de Renê, a exemplo da planilha enviada por Leo Baby (Leonardo Schmitz) a Renê, denominada “piscina 2023 ED”, sendo que, no documento, o nome de Adriano da Pesca aparece ao lado do nome de três profissionais que supostamente iriam prestar serviços no projeto da piscina para crianças em vulnerabilidade social, localizada na Passarela da Cidadania.
Em uma conversa datada de 30 de maio de 2023, Ed Pereira solicitou a Renê uma lista de todas as entidades envolvidas, onde Adriano foi expressamente indicado como um dos donos do projeto. Durante o diálogo, Renê perguntou se deveria apagar o nome dos proponentes ao lado das tabelas, ao que Ed respondeu negativamente, enfatizando a necessidade de manter as informações claras para os envolvidos.
O nome de Adriano também apareceu em planilhas enviadas por outros membros da organização criminosa, como “Leo Baby” e Renan. Esses documentos, encontrados nos dispositivos eletrônicos examinados pela polícia, reforçam os fortes indícios de que ele era um dos destinatários dos recursos desviados.
Em uma conversa registrada em 16 de dezembro de 2023, Adriano perguntou a Renê sobre R$4 mil que ele deveria receber dos projetos fraudulentos. Isso indica, supostamente, que ele estava ativamente envolvido no esquema, usando sua posição para se beneficiar dos recursos públicos desviados.
O que diz a defesa de Adriano
A defesa de Adriano Roberto Weickert, feita por Alceu Pinto de Oliveira Júnior, diz que o ex-secretário foi surpreendido com uma acusação grave na chamada Operação Presságio. Foi alvo de um mandado de busca e apreensão e prontamente entregou o aparelho celular, pois nada tem a esconder.
“Esclarece que não tem qualquer relação com os fatos apurados. Não atuava em nenhuma parte financeira de qualquer organização e não emitiu ou pediu para emitir qualquer nota fiscal. Sequer tem qualquer experiência, muito menos expertise, em contabilidade e nunca acobertou qualquer movimentação financeira”, diz a nota. E continua:
“Está à disposição da Justiça para colaborar com esclarecimentos pois nunca participou de qualquer esquema de corrupção. O erro de que foi vítima pela equivocada imputação será brevemente esclarecido e das acusações, sem qualquer fundamento, será plenamente inocentado.
Essa situação descabida não abala a moral e o caráter integro que sempre manteve na vida pública e na vida privada”.
Foto em destaque: Adriano Weickert e Leo Baby (Leonardo Schmitz).