Pedro Morais escreve artigo sobre a precarização dos direitos dos trabalhadores no Brasil, destacando as consequências das reformas trabalhista e previdenciária, e critica a atuação dos sindicatos, defendendo a necessidade de maior organização e luta dos trabalhadores por melhores condições.
Nos últimos anos no Brasil, os trabalhadores vêm sofrendo ataques contínuos nos seus direitos. A reforma trabalhista (aprovada no governo Michel Temer, em 2017) foi um ataque brutal aos trabalhadores que tiveram mais de 100 alterações da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). No governo Bolsonaro, a situação se acirrou com a Reforma da Previdência e ataques ao serviço público no país.
Após a reforma trabalhista e da previdência os trabalhadores vêm sofrendo ainda mais com os baixos salários, extensas jornadas de trabalho, altas no preço dos alimentos e no aluguel. Florianópolis é a terceira capital com o maior preço de aluguel do país e tem a segunda cesta básica mais cara. Em um ano, por exemplo, alimentos de uso corriqueiro nas nossas mesas, como batata e cebola tiveram alta de mais de 90% em seus preços.
O fato mais revoltante é que quando os trabalhadores se organizam junto aos seus sindicatos para buscar mudar essa correlação de forças (salvo raras exceções), acontece de duas, uma: ou são perseguidos e criminalizados pelo patronato e poder público, ou se decepcionam com sindicatos que não dão consequência real para a luta da sua categoria.
Um exemplo são os professores do estado de Santa Catarina. Nós sentimos na pele o resultado de uma educação pública precarizada, por isso, realizamos uma greve no início do ano para reivindicar o mínimo, que é o piso salarial para toda a categoria. O Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Santa Catarina – SINTE- desmobilizou a greve antes mesmo de o governo apresentar uma proposta aos professores. A categoria se sentiu traída pelo próprio sindicato, entidade que deveria defender os seus direitos. Assim, quando o governo apresentou uma proposta rebaixada, não convocaram uma nova assembleia para discuti-la.
Por isso, precisamos organizar os professores e os trabalhadores para construir sindicatos que queiram lutar pelos nossos interesses, que estejam interessados em fazer as lutas necessárias para arrancar o nosso direito de ter salário, moradia e alimentação digna. Os problemas que os trabalhadores passam são fruto do enriquecimento de uma minoria que explora o trabalho de uma esmagadora maioria de pessoas no mundo.
Essa minoria faz de tudo para acabar com a luta dos trabalhadores por melhores condições de vida, por uma sociedade sem exploração, e ataca os sindicatos que ainda realizam greves. Um exemplo é o SINTRASEM de Florianópolis: toda vez que os trabalhadores ousam lutar, o prefeito e empresário Topázio Neto humilha, ataca e busca criminalizar os grevistas. Este ano ocorreu a tentativa de envolver, sem prova alguma, a direção e membros do sindicato no caso de um incêndio a um caminhão de lixo durante a greve de março.
Pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas – IBGE, divulgou, em junho deste ano, que dos 100,7 milhões de trabalhadores ocupados, apenas 8,4 milhões são filiados a seus sindicatos, ou seja, apenas 8.4%. A queda do índice de sindicalização no Brasil aponta um caminho: é preciso acabar com o distanciamento entre o do dia a dia dos sindicatos e os trabalhadores, que hoje sentem-se abandonados. É preciso retomar o protagonismo dos trabalhadores na luta política na sociedade, enfrentar a conciliação de classes que impregna a maioria dos sindicatos e leva inúmeras entidades à falência. Os trabalhadores na França, Reino Unido (e no Brasil!), demonstraram que, organizados, podem conquistar vitórias eleitorais e políticas contra os representantes da extrema-direita e do fascismo. Essa é a realidade que devemos consolidar também em Florianópolis!
_ Professor Pedro é candidato a vereador em Florianópolis pela Unidade Popular pelo Socialismo (UP).