A força das mulheres e a eleição de 2024. Por Marilisa Boehm

Marilisa Boehm escreve artigo sobre em que destaca o aumento da participação feminina nas eleições de 2024 em Santa Catarina, com mais prefeitas, vice-prefeitas e vereadoras eleitas, mas ressalta que ainda há um longo caminho para a igualdade de gênero na política.

Após o fim de todo período eleitoral muitas análises dos resultados são feitas para que a população tenha melhor entendimento da democracia e das eleições. Um dos cenários de maior importância a ser avaliado é o da participação feminina. Em 2024 as urnas revelaram pontos positivos e outros negativos sobre o tema, mas é com muita alegria que vi Santa Catarina avançar.

Com mais de 4 milhões de eleitores, o Estado viveu sua eleição com a maior proporção de candidaturas femininas nos últimos 24 anos. Para as prefeituras, 14% delas foram de mulheres e 39 cidades elegeram prefeitas, representando 13,2% dos municípios. Em 2020, eram 9,6%. Por outro lado, não se pode negar que é pouco se considerarmos que 52% do eleitorado catarinense é feminino. 

Na parte positiva, é fundamental destacar que Lages, Balneário Camboriú e Major Vieira elegeram prefeitas pela primeira vez na história. Canoinhas e Matos Costa também inauguraram uma nova era ao elegerem suas prefeitas e vice-prefeitas. Em termos quantitativos, sem dúvida alguma a região Oeste foi a campeã, com sete prefeitas. Serra, Meio-Oeste e o Sul escolheram seis, enquanto o Extremo-Oeste e Planalto Norte elegeram quatro novas chefes do Executivo. Porém, o Alto Vale, com três, a Grande Florianópolis com duas e o Litoral Norte, com uma, são os locais onde a mobilização por mais mulheres disputando o próximo pleito precisa ter um reforço maior. 

A força das mulheres ficou evidenciada também nos cargos de vice-prefeitas e vereadoras. No primeiro grupo, de 25 em 2020, passamos a ter 40, representando um crescimento de 60%. E, novamente, o Oeste foi o exemplo, com oito eleitas, seguido pelo Sul e Planalto Norte, com seis. 

Nas Câmaras de Vereadores o saldo também vale ser destacado, pois Santa Catarina ficou acima da média nacional, com 18% das vagas ocupadas por mulheres. São 577, enquanto 525 foram escolhidas quatro anos atrás. Já a quantidade de cidades que não tiveram nenhuma legisladora eleita caiu de 44 para 31.

Analisando regionalmente, não posso deixar de citar que em São Miguel do Oeste, pela primeira vez, a maioria na Câmara será feminina, com cinco eleitas. Também é preciso citar que o Norte do Estado fez crescer em 35% o número de vereadoras se compararmos com 2020, subindo de 40 vagas para 54. É para se comemorar e muito o fato do Planalto Norte ter alcançado outro patamar ao confirmar cidades nas quais as mulheres tiveram a maior quantidade de votos. Foi assim em Campo Alegre, Itaiópolis, Rio Negrinho e Três Barras, mas Canoinhas deve ser considerada já que três das quatro candidaturas mais votadas foram de mulheres.

O caminho para uma sociedade mais justa, onde homens e mulheres tenham oportunidades iguais na política ainda está longe de ser totalmente percorrido. Mas é inegável que o último mês de outubro é um marco para que essa transformação aumente cada vez mais. É necessário, porém, que a sociedade civil organizada, o Congresso Nacional, a Justiça, o Governo e demais instituições  continuem reforçando de modo efetivo o incentivo às mulheres de todo o Brasil para que elas possam, efetivamente, fazer política. Não queremos tirar a vaga dos homens. O que desejamos é ter condições iguais para, democraticamente, buscar nosso espaço e contribuir para um mundo melhor.


Marilisa Boehm é vice-governadora do Estado de Santa Catarina.

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