Entrevista exclusiva – Jorge Goetten (Republicanos)

Presidente estadual do Republicanos, o deputado federal Jorge Goetten falou sobre a expectativa do crescimento do partido ancorado na aliança estadual com o PL do governador Jorginho Mello, na possibilidade de candidatura presidencial de Tarcísio de Freitas e na posse do colega de partido Hugo Motta como presidente da Câmara dos Deputados. O deputado federal também fez críticas à atuação do Congresso na reforma tributária e ao recente aumento dos juros pelo Banco Central.

Não tem eleição em 2025, mas é o ano em que se preparam as costuras. O senhor  assumiu o Republicanos depois do prazo de filiação para eleições municipais, não teve muito tempo para montar, trazer lideranças. Como é que vai ser este ano de 2025? Para onde o Republicanos vai crescer?

Eu penso que aqui em Santa Catarina vai refletir o que está acontecendo a nível nacional, em que o Republicanos está em uma situação muito boa. O nosso líder, o deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB), vai ser o presidente da Câmara. O Tarcísio de Freitas já colocou que vai continuar no Republicanos e hoje é um forte candidato a presidente, considerando que o Bolsonaro está inelegível. Então, o Tarcísio é o candidato do centro-direita, da direita e da extrema-direita, que pode unificar.

Eu acho que quem pensa em ter uma candidatura viável contra o Lula, o nome que surge aí, que unifica esse campo político, é o Tarcísio Freitas, governador de São Paulo. Isso reflete aqui em Santa Catarina. Então, nós vamos fazer um trabalho intenso de montar uma grande nominata de deputados federais e estaduais que nós queremos eleger em 2026, três deputados federais e de cinco a seis deputados estaduais. E vamos trabalhar. O alinhamento nosso com o governador Jorginho Mello contribui bastante para a gente construir essa boa nominata. E a gente percebe a boa aceitação que o Republicanos está tendo nas lideranças estaduais aqui. 

Semana passada, teve aquele encontro com Geovania de Sá (PSDB) no gabinete do Marcos Pereira, presidente nacional do partido. Foi feito o convite de filiação. Qual a expectativa em relação à possibilidade da filiação da futura deputada Geovania de Sá?

Eu acho que o Republicanos encaixa bem nos ideais, no propósito da deputada Geovania. Mas a gente respeita a posição dela. O deputado federal Marcos Pereira, nosso presidente, fez o convite oficial, já tinha feito em outra oportunidade, a gente reforçou. E ela tem bastante espaço para construir e viabilizar a candidatura dela.

Eu acho que a Geovania se reelege em qualquer partido, porque é uma grande liderança, uma grande parlamentar e eu desejo sucesso para ela. Mas claro que ela é muito bem-vinda e esperamos que a decisão dela seja pelo Republicanos, mas respeitamos também se for outro encaminhamento. 

Há outros convites já tornados públicos, lideranças com mandato, sem mandato? 

Nós temos conversado com várias lideranças. Hoje ainda vamos conversar com outras lideranças também. Temos conversado com lideranças regionais, suplentes de deputados. Com o deputado federal (suplente) Darci de Matos (PSD) nós temos conversado também, e agora nos próximos meses, início de 2025, muita coisa vai acontecer. 

Mas nós temos pedidos também de lideranças que estão pensando em ser candidatos a deputado estadual e federal pelo Republicanos. Estamos conversando com o deputado estadual (suplente) Gerri Consoli (PSD) também, uma grande liderança. Eles estão pensando, estão refletindo, mas todos eles veem que o Republicanos é um partido com bastante envergadura, com boas lideranças e que tem bastante chance de ser o grande partido das eleições, o grande ator das eleições de 2026.

Como é a vida no Republicanos depois de ter sido eleito pelo PL em 2022? 

Eu fui muito feliz no PL, assim como eu fui muito feliz no PP, que eu estive quando eu era novo.

Mas fui muito feliz no PL. E agora estou muito feliz, muito confortável no Republicanos. E até porque eu também me sinto parte do PL, se assim o PL permite, pelo alinhamento e amizade e gratidão, carinho que eu tenho com o governador Jorginho Mello. Então eu me sinto ainda dentro do PL, sempre construindo o Republicanos para somar para a reeleição do governador Jorginho. Então não tem conflito nenhum. Nós queremos é somar, construir um Republicanos forte, para se a gente estiver forte, a gente vai poder ajudar mais ainda na reeleição, que é a prioridade é o grande compromisso nosso. 

O senhor, até pelo seu perfil e por ser empresário, também acompanha muito de perto as questões da reforma tributária, que volta agora para a Câmara. Como é que o senhor avalia, neste momento, a forma como está a reforma tributária? 

Nesse momento eu estou um pouco triste, porque ontem o Senado aprovou e tem uma expectativa da alíquota ir para 29%, 28%, a alíquota. É claro que tem que mexer a alíquota, já está na lei, que o máximo vai ser 26,5%. Então, portanto, tem que cortar. Nós, deputados, somos muito caros para o nosso país. Então a gente tem que procurar dar resultado. Infelizmente, algumas vezes, os parlamentares pensam mais no seu umbigo.

Nós estamos dando benefícios onde não precisa, muitos benefícios. E aí a conta fica para o trabalhador, aí a alíquota fica cara, aí a gente reclama. Nós mesmos, deputados, vamos reclamar que “o imposto está muito caro”. Mas é que a gente dá um monte de benefício lá no Congresso para alguns setores que não justifica.

Nós demos o benefício do Perse. Eu acho que não justifica. Era para o hotel, mas não justifica um Gusttavo Lima, um Felipe Neto, ter isenção de mais de R$ 100 milhões. Aí nós temos que votar aqui corte de gastos. De repente, tem que tirar do BPC, tem que sacrificar o trabalhador,  tem que sacrificar um aumento melhor do salário mínimo, porque a gente dá esses benefícios estapafúrdios. 

Nós fizemos desoneração da Folha, nós aprovamos para 17 setores. Tem setores ali que não precisavam de desoneração. Setor de tecnologia precisa de desoneração? Esses setores deveriam prestar conta para o país, para os trabalhadores. Qual o benefício que eles estão dando? Quanto de emprego eles deram? Porque não justifica. E aí a gente tem que cortar outras coisas que não precisava.

Nós estamos lutando para aumentar o teto da micro e pequena empresa, a gente não consegue. Seria em torno de R$ 40 bilhões, mas demos uma desoneração de R$ 60 bilhões e a sociedade não se indigna, as entidades não se indignam. Veja agora, aumentou a taxa de juros 1%, que custa R$ 50 bilhões para o país. Isso era para todo mundo ir para a rua, para ir para frente do Banco Central, quebrar o Banco Central.

As pessoas defendem que o Banco Central tem que ser autônomo. Sim, tem que ser autônomo, mas devia também ser autônomo do mercado financeiro, autônomo dos bancos. Mas ele não é autônomo, ele está a serviço do mercado financeiro. Nós estamos com indicadores bons no país, indicadores econômicos, PIB a 3,5%, reserva de quase 400 bilhões de dólares, inflação sob controle, não justifica ter uma taxa de juro real maior do mundo. Cada 1% a mais na taxa de juros é R$ 50 bilhão que é tirado da União, é tirado da população brasileira, só para rolar a dívida. 

A gente vive período especulativo muito forte desde a decepção do mercado financeiro com o pacote de corte de gastos apresentado pelo governo Lula. Como é que você avaliou esse pacote de corte de gastos? 

É só marola, é marola do sistema financeiro. O mercado quer faturar com isso. Não justifica o dólar estar na alta que está, nada justifica. Os indicadores econômicos nossos são muito bons, não justifica essa marola, não justifica essas oscilações que nós estamos tendo, que o mercado financeiro está provocando.

Foto: Mario Agra / Câmara dos Deputados

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