A nova pesquisa divulgada hoje pela Genial/Quaest trouxe um dado curioso: se a eleição fosse hoje, Lula venceria todos os adversários no segundo turno. Mas o detalhe que chamou atenção foi outro. O nome que aparece com a menor diferença para o presidente não é Tarcísio, Zema ou Caiado. É Gusttavo Lima.
Sim, o “embaixador” do sertanejo. Ele teria 35% contra 41% de Lula. E isso tem uma explicação simples: ele é muito conhecido. Quase 80% dos eleitores sabem quem ele é, um patamar muito superior ao de políticos que tentam se consolidar como alternativas ao bolsonarismo.
Mas tem mais coisa nessa história. A vantagem de Lula diminuiu bastante no último mês. Contra Tarcísio, a diferença que era de 26 pontos em dezembro caiu para 9 agora. Contra Caiado, o tombo foi ainda maior: de 34 para 19 pontos. O que isso significa? Que o antipetismo ainda tem fôlego, mas ninguém conseguiu unificar essa turma.
E esse é o problema da oposição hoje. O eleitorado que reprova Lula varia entre 26% e 35%, dependendo do adversário. Mas ninguém conseguiu canalizar esse sentimento. Muita gente que rejeita o governo hoje não votaria em ninguém. Se a direita quiser ganhar, vai precisar de um nome forte. Só rejeição não basta.
E quem pode ser esse nome? O estudo da Quaest testou o potencial de crescimento dos principais candidatos. Caiado, Zema e Tarcísio são os que mais convertem votos entre quem os conhece: 81%, 74% e 62%, respectivamente. Gusttavo Lima, sem partido e sem estrutura, já tem 44%. Mesmo número de Eduardo Bolsonaro. Isso significa que se os governadores conseguirem nacionalizar suas imagens, têm chances. Se não, sobra espaço para um outsider. E é aí que Gusttavo Lima pode surpreender.
Outro dado que chama atenção: Jair Bolsonaro ainda é o nome mais forte da oposição. Mas ele segue inelegível. Sem ele, a direita precisa decidir logo quem vai encarnar esse papel. Porque, se fragmentar, pode acabar deixando espaço até para um nome como Ciro Gomes crescer e ir ao segundo turno.
E pra fechar: 78% dos eleitores ainda não sabem dizer em quem votariam. Lula tem 9%, Bolsonaro também 9%. Isso mostra que os dois ainda dominam o jogo, mas não conseguem crescer muito além da própria bolha.
Ou seja, a eleição de 2026 ainda está totalmente em aberto. E se a oposição quiser ter alguma chance, vai precisar mais do que torcer por erros do governo. Vai ter que se organizar e encontrar um nome que consiga unir a turma. Caso contrário, a direita pode acabar ouvindo Gusttavo Lima não só nos palcos, mas também nos palanques.
Os dados são da Genial/Quaest e podem ser vistos, também, nesse fio excelente de Felipe Nunes com gráficos da pesquisa:
Veja no X o post de Felipe Nunes
A Quaest ouviu 4.500 pessoas entre os dias 23 e 26/01. O nível de confiabilidade do levantamento é de 95% e a margem de erro é de 1 ponto percentual. A pesquisa foi encomendada pela Genial Investimentos.