Comemoramos a conquista do voto feminino: Um marco de resistência e transformação. Por Lisiane Zanotto

Lisiane Zanotto escreve artigo sobre o que, em sua opinião, o voto feminino no Brasil não foi concedido, mas conquistado por luta e mobilização. Celebrar essa história é lembrar que a democracia só se fortalece com a plena participação das mulheres.

Artigo fala sobre a história da conquista do voto feminino.

A democracia brasileira carrega em sua trajetória momentos de ruptura e renovação. Entre esses marcos, um dos mais simbólicos foi a conquista do voto feminino, que não ocorreu por concessão, mas por insistência e mobilização. Até 1932, as mulheres eram cidadãs pela metade, privadas do direito de decidir os rumos do país. Esse cenário começou a mudar com a organização de intelectuais e ativistas que desafiaram um sistema político rigidamente masculino.

Liderado por figuras como Bertha Lutz, o movimento sufragista brasileiro pressionou o governo por mudanças. A resistência não era apenas cultural, mas também institucional: políticos e juristas argumentavam que a política não era espaço para mulheres, limitando-as à esfera doméstica. Ainda assim, em 1932, sob o governo de Getúlio Vargas, o Código Eleitoral finalmente reconheceu o direito ao voto feminino — um avanço significativo, mas ainda cercado de restrições. O voto, inicialmente, não era obrigatório, e mulheres casadas precisavam de autorização do marido para votar. Apenas com a Constituição de 1946 essa desigualdade foi eliminada, garantindo às mulheres plena participação eleitoral em igualdade com os homens.

Neste ano de 2025, comemoramos 93 anos dessa conquista histórica. Desde então, essa data é celebrada como um marco fundamental da democracia. Comemoramos não apenas o direito ao voto, mas a força das mulheres que abriram caminho para as gerações futuras. Apesar dos avanços, os desafios persistem: as mulheres são maioria no eleitorado, mas ainda minoritárias nos cargos eletivos. Isso nos lembra que a luta por equidade política continua.

Mais do que um capítulo da história, o sufrágio feminino é um lembrete de que a democracia não se construiu com exclusão. Se hoje há um espaço para as mulheres no debate público, foi porque, em um tempo de silêncio imposto, algumas ousaram falar e agir. Celebrar essa conquista é reafirmar o compromisso com uma sociedade mais justa, onde a participação política feminina não seja exceção, mas regra.


Lisiane Zanotto é CEO Data SC Pesquisa Política e Mercado e analista Política Transformando Pesquisas em Insights.

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