Crise ou marola?

Nesta semana participo do Compol 2025. Entre tantos insights que o evento proporciona, teve um que me fez sentar num banquinho e colocar a coluna da semana em dia: e quando a crise, em vez de tsunami, é só uma marolinha?

A ideia acima, lançada pelo presidente Lula em seu segundo mandato, a propósito da crise dos EUA que ameaçava piorar o cenário econômico no Brasil, inspirou a competente jornalista Dagmara Spautz, na  palestra em que contou para a plateia como foi sua saída do jornalismo diário. 

Para Dagmara, que agora é secretária de comunicação de Balneário Camboriú, muito do que chega à imprensa parece superestimado para quem está do outro lado do balcão. 

E ela tem razão. Tem marola que vira onda, diria Dilma, e não tsunami. 

São várias as razões para uma crise virar onda. Uma delas é uma equipe atenta que monitora possíveis crises e consegue antecipá-las. Uma boa análise de cenário faz com que você possa de antemão determinar o remédio – ou vacina. 

Outra forma de encerrar crises – ou marolas – de forma rápida, é ser ágil e certeiro na resposta. Exemplo de crise bem gerenciada: a da Samsung, em 2016, quando começaram a surgir vídeos de seus smartphones explodindo. A empresa fez um recall gigante, pediu desculpas, teve um prejuízo enorme, é verdade, mas com um trabalho transparente de comunicação conseguiu controlar a situação.

Na palestra do Compol, Dagmara ainda citou o caso de um prefeito que decidiu divulgar um posicionamento a respeito de situação que só era de conhecimento da bolha – ou seja, de pessoas que o seguiam, alguns políticos e amigos próximos. Como ninguém estava sabendo do ocorrido, o prefeito potencializou uma crise que não tinha extrapolado a paróquia. Aqui, faltou uma boa análise de cenário. Se o problema está restrito a um grupo específico, não seja você a pessoa que vai amplificá-lo. 

Em tempos de operações espetaculosas, que jogam às feras reputações alheias, aliado à busca incessante por cliques, monitorar o ambiente, entender cenários e ter um plano de contenção de danos é essencial. Mas preste atenção: às vezes a crise vem mesmo como uma onda forte. Aí é preciso  manter o controle e agir com calma. Tomar fôlego, esperar o impacto inicial passar e começar a recuperar seu patrimônio reputacional. 

Os colunistas são responsáveis pelo conteúdo de suas publicações e o texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Upiara.

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