Artigo de Geovânia de Sá, deputada federal (PSDB/SC)

O vídeo do criador de conteúdo Felca, que viralizou nos últimos dias, não é apenas um alerta. É um tapa na cara de uma sociedade que finge não ver a exploração e a sexualização de crianças acontecendo a céu aberto, nas maiores plataformas digitais do mundo, muitas vezes com o incentivo ou consentimento de quem deveria protegê-las: seus próprios pais.
Não estamos falando de casos isolados ou da chamada “adultização inocente”. Estamos falando de crimes. Conteúdos em que menores de idade são expostos de forma sexualizada, usados para atrair audiência e, pior, monetizar. Um mercado podre que se retroalimenta: pais que vendem a imagem dos filhos, algoritmos que entregam e recomendam o material para quem tem interesse criminoso, e empresas bilionárias que fecham os olhos enquanto contam os lucros.
É inaceitável que, com toda a tecnologia disponível, as plataformas ainda aleguem dificuldade para detectar e remover esse conteúdo. Se conseguem identificar uma música com direitos autorais em segundos, por que não conseguem bloquear de imediato um vídeo que expõe sexualmente uma criança? Essa não é uma falha técnica — é uma escolha de prioridades.
O Congresso Nacional não pode se omitir. Precisamos endurecer a lei, aumentar a punição para quem produz, divulga ou lucra com esse tipo de conteúdo, e criar mecanismos claros para responsabilizar as plataformas digitais. Defendo também a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar se há omissão ou conivência dessas empresas, e exigir transparência sobre seus algoritmos e políticas de moderação.
Se nada for feito, continuaremos a assistir a mais uma geração sendo exposta, traumatizada e explorada, enquanto criminosos e empresas se beneficiam. Isso não é liberdade de expressão. Isso é crime. E crime contra criança é o mais grave de todos, porque destrói não só a vítima, mas o futuro de toda a sociedade.
O Brasil precisa decidir: vamos proteger nossas crianças ou vamos seguir permitindo que sejam tratadas como mercadoria? A minha posição é clara: quem se omite, também é culpado.