Artigo de Nícola Martins, vereador em Criciúma

O Sul de Santa Catarina tem vocação para crescer. Somos um polo industrial, tecnológico, universitário e com potencial logístico estratégico. Porém, há anos vemos a região avançar sem união de forças entre os municípios e as três microrregiões (AMREC, AMESC e AMUREL), hoje fragmentadas e com pouca capacidade de articulação política. O resultado? Crescimento sem planejamento, infraestrutura defasada e oportunidades desperdiçadas.
Enquanto outras regiões catarinenses já articularam seus pactos de desenvolvimento, como o Vale do Itajaí, que soube transformar sua força econômica em influência política e investimentos estruturante. O Sul continua sendo uma locomotiva sem trilhos.
Temos três grandes desafios urgentes:
Baixa coordenação regional: Cada município segue sua própria lógica, sem articulação. Falta ao Sul uma governança regional real e eficaz. É necessário um pacto entre lideranças políticas, empresariais e acadêmicas para planejar o futuro da região de forma integrada, com metas comuns e articulação suprapartidária. É hora de compreender que um município pode — e deve — somar com o outro.
Infraestrutura travada: Temos uma BR-101 duplicada, mas com gargalos no acesso portuário. A sonhada ferrovia de integração segue no papel. O Aeroporto Regional está em fase de concessão, mas carece de planejamento integrado para se tornar um verdadeiro hub de desenvolvimento. A logística é a espinha dorsal do crescimento, e o Sul continua dependendo de promessas que não saem do papel.
Desigualdade no retorno dos tributos: O Sul produz muito, paga muito imposto, mas recebe pouco em contrapartida. Esse é um problema de Santa Catarina como um todo. Com a nova reforma tributária, esse desequilíbrio pode piorar se não houver vigilância e articulação política para garantir retorno justo aos municípios.
Não basta crescer. É preciso crescer com direção, justiça e eficiência. Isso exige articulação política, capacidade técnica e cobrança social. O Sul de Santa Catarina precisa de um pacto de desenvolvimento regional: um plano estratégico de longo prazo, com metas objetivas e pressão institucional por investimentos estruturantes. A hora é agora ou seguiremos sendo uma região rica com influência pobre.
Como vereador em Criciúma, sigo fiscalizando, cobrando transparência e propondo soluções concretas para fortalecer a região. Mas o futuro do Sul não depende apenas de mandatos: depende de visão coletiva e coragem para romper com a mesmice.