
– Você é um homem ou é um rato?
A pergunta, retórica, permeia o linguajar comum das pessoas quando querem desacreditar ou diminuir alguém. Especialmente, em situações nas quais a pessoa prefere escapulir de circunstâncias indesejadas ou fugir de responsabilidades supostamente assumidas anteriormente.
Agora, na política nacional, a pergunta surge novamente.
Falta mais de um ano das eleições presidenciais de 2026, e o jogo pesado já começou. E começou com força total. Na última semana, algumas expressões ganharam as manchetes do noticiário. E são emblemáticas do momento tenso que o país está vivendo.
Carlos Bolsonaro, o filho 03, chamou de “ratos” os governadores de São Paulo, de Minas Gerais e do Paraná (Tarcísio de Freitas, Romeu Zema e Ratinho Júnior, respectivamente) por estarem articulando apoios recíprocos, no caso de um segundo turno contra Lula no pleito de outubro do próximo ano.
Isso sugere afastar a certeza de que nenhum Bolsonaro será cabeça de chapa.
Sim. A direita democrática, por ora dividida, é pragmática. Lançar vários candidatos desse espectro político implicará num óbvio segundo turno. E, aí, poderia viabilizar eventual vitória contra o petismo.
E não é só.
Nesta terça-feira, 26 de agosto, Lula pisou forte. Em fala na abertura da reunião ministerial, classificou Eduardo Bolsonaro de “traidor da pátria”. Com razão.
Sim, aquele mesmo que fugiu para os Estados Unidos no começo do ano e trabalha contra o Brasil. “Pai” inspirador do tarifaço de Trump, atua, no exterior, inclusive contra as empresas e contra os trabalhadores.
E permanece como deputado federal!
Não bastasse essa virulência verbal de lado a lado, vinda a público, dá para imaginar como é a linguagem nas conversas de bastidores. E o que ainda virá daqui em diante. Ratos são símbolos de vivência nos esgotos. Traidores são pessoas sem escrúpulos.
Neste nível rasteiro, caminha a nossa política, no entendimento de relevantes personagens
da cena nacional. Claro que estes símbolos, quando compreendidos por parte da população, podem
prejudicar – e muito – os políticos que receberam esses “carinhos” de adversários.
E como quase tudo são símbolos, o presidente Lula resgata, nesta terça- feira, o símbolo da Pátria, ao reunir o ministério, e quase todos os ministros usando boné azul (e não vermelho,) com a frase “ O Brasil é dos brasileiros”.
A frase faz sentido num momento em que Trump e seus seguidores da família Bolsonaro atacam o país. E quando o bolsonarismo radical propaga o “Make América Great Again”.
A Pátria é o mais importante símbolo nacional. Remete ao conceito de soberania, de não aceitação de alguém de fora diga o que ou como devemos agir. Foi um conceito muito utilizado pelos militares durante os anos de chumbo, e pela direita, ao longo da História.
Hoje, Lula chama para si este legado. E coloca seu time para usar o boné.
Vai ser interessante acompanhar qual será o “chapéu” que os eleitores vão usar na hora de votar, em outubro de 2026. O da direita, que vai pregar a necessidade de tirar o petismo e suas políticas sociais distributivistas, mas com um discurso de fazer “40 anos em quatro”, a la JK., na década de 1950, ou a do PT, a continuar sua prática de tentar incluir os pobres no Orçamento e taxar as classes média e alta, agora tendo mais a bandeira do patriotismo para chamar de sua.
Aqui na planície, em Santa Catarina, o jogo só está começando. Mas já está claro, que candidaturas viáveis só serão do campo da direita.
Aliás, os nomes que estão previamente colocados – Jorginho Mello, que disputará a reeleição; e o atual prefeito de Chapecó, João Rodrigues, são absolutamente alinhados e defensores intransigentes de Jair Bolsonaro.
Afinal, SC é o eleitorado mais direitista e bolsonarista do país. As urnas, no último pleito, mostram isso claramente. Outros nomes podem surgir. A grande incógnita, por ora, é se o prefeito Adriano Silva, de
Joinville, vai se meter neste vespeiro já em 2026. Se o NOVO exigir…