
Em um alerta para o Setembro Amarelo, mês de conscientização sobre a saúde mental, a pediatra e oncopediatra Dra. Amanda Ibagy destaca a crescente vulnerabilidade de crianças e adolescentes ao sofrimento emocional. A médica aponta o uso excessivo das redes sociais como um dos principais fatores que contribuem para o problema, impactando diretamente a autoestima e o bem-estar dos jovens.
Segundo a Dra. Ibagy, a exposição a padrões irreais na internet pode levar os jovens, que estão com a identidade em formação, a se sentirem insuficientes. Essa comparação constante pode gerar ansiedade, tristeza e baixa autoestima.
A pediatra ressalta que os pais precisam estar atentos a sinais sutis de sofrimento, como:
- Mudanças bruscas de humor
- Isolamento social
- Alterações no sono
- Queda no rendimento escolar
A médica reforça que, muitas vezes, esses sinais são interpretados como “apenas uma fase”, mas podem ser um pedido de ajuda silencioso.
A solução, de acordo com a especialista, não é proibir a tecnologia, mas sim promover o uso consciente. Além disso, o diálogo e o acolhimento no ambiente familiar são ferramentas essenciais para a prevenção. “A criança e o adolescente precisam sentir que têm espaço para falar sobre suas angústias sem medo de julgamento”, explica a Dra. Ibagy.
Ela conclui que a saúde mental deve ser abordada desde a infância, reforçando a importância de identificar sinais, manter uma conversa aberta e buscar ajuda profissional quando necessário.
O alerta da Dra. Amanda Ibagy é solidamente apoiado por um estudo de grande impacto no meio científico.
O artigo, intitulado “Aumentos nos Sintomas Depressivos, Resultados Relacionados ao Suicídio e Taxas de Suicídio entre Adolescentes dos EUA após 2010 e Vínculos com o Aumento do Tempo de Tela de Novas Mídias“, foi escrito pela renomada psicóloga e pesquisadora Jean M. Twenge em colaboração com Thomas E. Joiner, Megan L. Rogers e Gabrielle N. Martin.
Publicado em 2017 na prestigiada revista Clinical Psychological Science, o estudo analisou dados de mais de 500 mil adolescentes e demonstrou uma forte correlação entre o aumento do tempo de tela em smartphones e redes sociais e a piora da saúde mental dos jovens.
O sentimento de se achar “insuficiente” que a Dra. Ibagy descreve é um dos motivos por trás disso. A ciência também prova que o uso exagerado das redes sociais está ligado a sintomas de depressão, ansiedade, insatisfação com o corpo e problemas para dormir.
Outro ponto importante é o “Medo de Ficar de Fora” (conhecido como FoMO). Esse medo faz com que os jovens sintam que precisam estar sempre online para não perderem nada. Isso aumenta a ansiedade e a insatisfação com a própria vida.
A mensagem é clara: os pais não devem ignorar sinais como mudanças de humor e isolamento, pois podem ser pedidos de ajuda. A solução não é proibir a tecnologia, mas sim ensinar os filhos a usá-la de forma consciente e conversar abertamente com eles. Incentivar atividades fora das telas ajuda a construir um escudo para proteger os jovens das pressões do mundo digital.