Outubro de contrastes e a força da maçã catarinense

O mês de outubro chega trazendo contrastes no clima brasileiro. Segundo o Inmet, enquanto parte do Sudeste deve ter chuva acima da média, regiões do Centro-Oeste, Norte e Sul enfrentarão déficit hídrico.

Em Santa Catarina, as precipitações devem se concentrar em parte do Estado, mas a irregularidade pode pesar justamente na Serra Catarinense e no Planalto — áreas vitais para a produção de maçã.

Olha pro céu

E quando se fala em outubro, o olhar do produtor se volta para o céu. É nesta fase da primavera que a cultura vive o período da floração e do desenvolvimento inicial dos frutos — etapa decisiva para a safra.

A maçã exige equilíbrio: temperaturas amenas, chuvas na medida certa e ausência de granizo. O frio insuficiente do inverno pode atrasar a brotação e comprometer quantidade e qualidade da produção.

Santa Catarina, a terra da maçã

Santa Catarina responde por cerca de 50% da produção nacional, com mais de 482 mil toneladas na safra 2024/25. A Serra é o coração da fruticultura, com São Joaquim e Fraiburgo no topo da produção.

As variedades Gala (40,7%) e Fuji (57,3%) dominam os pomares, sustentando um setor que gera cerca de 200 mil empregos diretos e indiretos no País — metade em solo catarinense.

A Epagri é protagonista dessa história. Há 50 anos, a pesquisa agropecuária transformou o Brasil de importador a exportador. Hoje, o Estado é referência mundial em qualidade, com programas de melhoramento genético, certificação fitossanitária e extensão rural que mantêm a competitividade da cadeia.

Defesa contra pragas

No dia 23 de setembro, aqui em Brasília, o Mapa lançou o Plano Nacional de Prevenção contra a traça-da-maçã, praga já presente no Chile, Argentina e Uruguai. O risco é alto: as lagartas atacam diretamente os frutos, comprometendo a qualidade e abrindo a porta para barreiras comerciais.

O plano prevê armadilhas com feromônio, fiscalização no transporte de vegetais, campanhas de conscientização e protocolos de erradicação rápida. Áreas vulneráveis incluem SC, RS e PR — berços da produção brasileira.

Recupera Maçã SC

Já no dia 19 de setembro, o Governo de Santa Catarina lançou o programa Recupera Maçã SC, voltado a produtores atingidos pelo granizo. O pacote inclui reposição de mudas, reconstrução de telas de proteção e linhas de crédito de até R$ 100 mil sem juros, com bônus de adimplência de 30%. Além disso, serão instalados 43 novos geradores de solo automáticos em São Joaquim para reforçar o combate ao granizo.

É o tipo de política que dá fôlego ao produtor, preserva renda e garante a continuidade de uma cadeia estratégica para o Estado.

Quando o jogo vira

Enquanto o Brasil fortalece sua maçã, a Argentina protagonizou na semana passada, uma cena típica de novela curta, ou novela “argentina” mesmo.

Liberou seus grãos do imposto de exportação, viu uma enxurrada de vendas externas — US$ 7 bilhões em três dias — e logo puxou o freio, reinstalando as taxas de 26% na soja e 9,5% no milho e trigo.

Quem aproveitou foram os chineses; quem perdeu foram os produtores locais, muitos nem contemplados pelo “agrado” de Milei.

Maçã Catarina

Ironias do destino: nos anos 1980, o brasileiro sonhava em comer a famosa “maçã argentina”. Hoje, é a Argentina que reergue barreiras aos seus produtos, enquanto nós colhemos, exportamos e brindamos a qualidade da maçã de Santa Catarina — fruto de pesquisa, política pública e resiliência de quem não depende de promoções relâmpago para se manter competitivo.

Sede Nova

E amanhã, 30/09/25, aqui em Brasília, para inaugurar sua nova sede, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) realiza sua reunião/almoço com a presença do relator do Projeto de Lei 1.087/2025, deputado Arthur Lira (PP-AL).

A proposta altera regras da tributação do Imposto de Renda sobre pessoas físicas e jurídicas. Entre os principais pontos, a proposta prevê a isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil por mês.

Também entram na pauta outros itens do Pacote Tributário em tramitação no Congresso, como o PLP 108/2024 e a MP 1.303/2025, com ênfase nos impactos para o setor agropecuário nacional. Nós estaremos lá!

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