Artigo de Márcio Vicari, advogado e candidato a desembargador no quinto constitucional.
Tornar-se desembargador é, ou pelo menos deveria ser, muito mais do que assumir uma cadeira em um Tribunal. Trata-se de alcançar um patamar que exige respeito, responsabilidade e, acima de tudo, compromisso com a Justiça e com a sociedade. É o resultado de uma vida dedicada ao Direito, construída ao longo de anos de estudo, atuação e experiência prática.

No caso do Quinto Constitucional, esse caminho ganha um significado ainda mais especial. O instituto foi criado justamente para que a magistratura não se distanciasse da advocacia. A presença de advogados nos tribunais garante que a vivência prática da defesa, as dificuldades cotidianas da profissão e a sensibilidade adquirida na lida com os jurisdicionados estejam sempre presentes no exercício da jurisdição.
Por isso, tornar-se desembargador pelo Quinto Constitucional deve pressupor uma trajetória sólida na advocacia. É essencial que aquele que ascende ao Tribunal traga consigo a memória viva das batalhas diárias, das vitórias e derrotas, dos desafios enfrentados na defesa dos interesses de seus clientes. Essa bagagem é o que confere ao advogado, agora magistrado, a capacidade de compreender, com mais humanidade e profundidade, o papel transformador da Justiça.
Embora a magistratura não fosse, até pouco tempo, uma aspiração pessoal, compreendo hoje que minha trajetória de mais de 30 anos na advocacia — sendo 15 deles dedicados à OAB/SC — me preparou para esse passo. O incentivo do governador Jorginho Mello, a quem tive a honra de servir como Procurador-Geral do Estado até a data-limite para a inscrição no pleito, fez-me perceber a magistratura como o coroamento natural de uma carreira construída ao longo de três décadas de dedicação ao Direito. Ao longo desse caminho, atuei em diversas regiões de Santa Catarina e tive também a valiosa experiência da advocacia pública, por quase três anos, na PGE-SC.
Toda a minha vida até aqui foi de dedicação e compromisso com a advocacia. Ao colocar meu nome à disposição do Tribunal, reafirmo minha convicção de que o TJSC deve ser também o espaço da experiência forense, onde a voz da advocacia se transforma em jurisdição. É motivo de grande honra compartilhar este pleito com nomes de tamanha relevância — entre eles dois excelentes ex-alunos — e reencontrar tantos colegas que tive o privilégio de conhecer em minha trajetória no magistério.
O desembargador oriundo da advocacia não deve esquecer de onde veio. Sua missão é carregar para a Corte a essência de sua trajetória, lembrando-se sempre das dificuldades enfrentadas nos fóruns, nos escritórios, nas audiências e nos embates que marcam a vida forense. É essa lembrança que lhe permitirá, em cada decisão, atuar não apenas como intérprete da lei, mas como alguém que reconhece na prática a importância de garantir direitos, preservar garantias e promover a justiça.
No fim, o Quinto Constitucional não é apenas um mecanismo jurídico. É um elo vivo entre a advocacia e a magistratura. É a lembrança de que a Justiça não pode se distanciar daqueles que a procuram, e de que os tribunais precisam manter-se enraizados na realidade de quem, todos os dias, busca o Direito.