Artigo de Ernesto São Thiago, advogado atuante em Direito da Orla e fundador da Destino Náutico Consultoria

Ontem foi comemorado o primeiro aniversário do Terminal Lacustre Ruth Bastos de Oliveira, inaugurado em 4 de outubro de 2024, que transformou a mobilidade na Lagoa da Conceição. Em apenas um ano, o terminal contabilizou cerca de 430 mil passageiros transportados, consolidando-se como marco na integração entre o transporte terrestre e aquaviário de Florianópolis e como ponto de convivência entre moradores, trabalhadores e turistas.
Os engarrafamentos no acesso às praias do leste da Ilha de Santa Catarina, especialmente nos fins de semana e feriados, muitas vezes começam já na descida do Morro das Sete Voltas e se estendem pelo centrinho da Lagoa, Avenida das Rendeiras e acessos à Joaquina e à Praia Mole. Nenhuma obra viária isolada resolverá esse problema estrutural. O que precisa mudar é a mentalidade e o incentivo ao transporte coletivo e à mobilidade ativa, como a bicicleta.
Muitos moradores e visitantes já perceberam isso e têm adotado alternativas mais racionais. Um número crescente desce no TILAG e, em poucos minutos de caminhada, chega ao Terminal Lacustre, de onde partem os barcos da Cooperbarco — contratada pela Prefeitura para os horários de caráter comunitário e permissionada para operar os horários turísticos. A linha para a Costa da Lagoa é a mais tradicional, e a travessia dura pouco mais de uma hora até o último ponto, revelando paisagens deslumbrantes e trechos de mata preservada nos costões, com trapiches que dão acesso às comunidades ribeirinhas e aos restaurantes locais.
Entre dezembro e março, outra linha operada pela Cooperbarco, de caráter sazonal, segue em direção à Barra da Lagoa, conectando o centrinho da Lagoa ao canal. A travessia, que leva cerca de meia hora, é uma alternativa eficiente e encantadora ao trânsito rodoviário, que pode ficar congestionado por horas no verão.
O potencial do transporte lacustre é enorme, mas depende de maior divulgação. Uma campanha de comunicação social ampliada, especialmente nos terminais TILAG e TICEN, acompanhada de sinalização nas rodovias e presença ativa nas redes sociais, poderia transformar o hábito da população e dos turistas — para o bem de todos.
A solução para a mobilidade das pessoas na Lagoa da Conceição não está em mais pistas, mas na integração entre meios, inclusive o aquaviário, na racionalidade dos deslocamentos e no encantamento pelo caminho.