
Nas palestras que tenho feito, menciono sempre Guga Kuerten como um exemplo de alguém que soube construir um ativo reputacional como poucos.
Você pode encontrá-lo num jogo do Avaí, no shopping, numa caminhada à beira-mar ou num evento. Em qualquer lugar, ele vai estar sempre com um sorriso aberto, tirar fotos e fazer uma piada. Todo mundo ama o Guga – e nada negativo cola em sua imagem.
Eu não sei vocês, mas acho um case de reputação fascinante, porque mostra claramente o que é essencial nesse processo: a coerência entre o que se comunica e o que se pratica.
Guga é uma marca. E como toda marca, tenho certeza que enfrenta desafios, escolhas difíceis e erros. A diferença é que ele parece compreender algo que muitas lideranças corporativas ainda negligenciam: reputação se constrói nas decisões do dia a dia.
Percebe-se esse cuidado nas parcerias que firma, na cautela em associar sua imagem a outras marcas, na postura pública sempre conectada a valores consistentes, como leveza, empatia, simplicidade, amor à família e gratidão.
A simpatia é, sim, um ingrediente. Mas o que sustenta o afeto coletivo é a autenticidade. O modo genuíno com que ele se relaciona com as pessoas. Não tem script, nem performance, embora tenha estratégia.
E aqui entra um ponto importante: a reputação de Guga é fruto de uma boa gestão de imagem, um trabalho que depende de escolha, disciplina e coerência. Nem todo mundo sabe, mas a comunicação pode amplificar o que existe de bom, mas não cria o que não é verdadeiro.
Talvez por isso o Guga tenha conseguido o que poucos personagens públicos alcançam: atravessar o tempo sem precisar se reinventar a cada temporada. Ele amadureceu e sua reputação amadureceu junto. De ídolo esportivo a símbolo de credibilidade e alegria genuínas.
Reputação, afinal, é isso: o reflexo de quem você é quando ninguém está vendo.
E no caso de Guga, o público continua vendo exatamente o mesmo sujeito que aprendeu a admirar lá atrás. Convenhamos, é uma vitória maior que Roland Garros.