O Brasil do leite está pedindo socorro e Santa Catarina puxou o grito na capital federal.
O que começou como audiência pública na Câmara dos Deputados virou símbolo de resistência dos pequenos produtores que buscam a sobrevivência do setor.

De Cobalchini a Lupion, de Daniela Reinehr a Pezenti, a mensagem é uma só: o leite não pode continuar sendo derramado por falta de ação!
O campo catarinense mostrou que ainda dá pra reagir com coragem, unidade e propósito.
E, se Brasília continuar empurrando com a barriga, as vacas prometidas por Pezenti no famoso gramado da Esplanada dos Ministérios, talvez cheguem antes das soluções. 🐄
Santa Catarina lidera o grito nacional por medidas urgentes para salvar o setor leiteiro
A crise no setor leiteiro chegou na Câmara dos Deputados nesta terça-feira, dia 4, em uma Audiência Pública proposta pelo deputado catarinense Valdir Cobalchini (MDB-SC) e reuniu prefeitos, entidades, parlamentares, produtores, que lotaram o plenário 11 da Casa.
A coluna Política & Agro esteve in loco, acompanhando as discussões que escancararam a situação dramática da cadeia produtiva: preços em queda, importações em alta e o produtor espremido entre custo e sobrevivência.
“O produtor está sendo empurrado para fora do campo, e o governo precisa parar de brincar com quem põe leite na mesa dos brasileiros”, afirmou Cobalchini, abrindo o debate com tom de urgência.
Audiência com representatividade e pressão
A audiência, que contou com a presença do presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Pedro Lupion, foi marcada por uma forte cobrança por ações imediatas do Governo Federal.
Lupion foi direto:
“Há mais de 1,1 milhão de propriedades familiares ameaçadas. O produtor está mandando vaca pro gancho porque não consegue manter o rebanho. Tem que escolher entre comprar ração ou remédio.”
Cobalchini reforçou que o Brasil vive uma crise de concorrência desleal.
“O leite importado, subsidiado e desidratado está matando o produtor nacional. Em Santa Catarina, o custo médio é de R$ 2,40 e o produtor recebe R$ 1,40. Isso é inviável e cruel”, disse.
Além de pedir medidas emergenciais, o deputado defendeu a criação de um contrato futuro de leite na B3, para dar previsibilidade de preços e segurança financeira aos produtores e cooperativas.
Conseleite, Sindileite e Faesc: as medidas do campo
Durante a audiência, o parlamentar catarinense endossou o pacote de propostas apresentado pelo Conseleite, Sindileite e Faesc, que pedem um plano nacional de socorro ao setor leiteiro.
As seis medidas entregues ao governo e reiteradas em plenário foram:
1️⃣ Suspender por seis meses as importações de leite em pó e muçarela do Uruguai e da Argentina;
2️⃣ Auditar os Certificados Sanitários Internacionais, verificando origem e qualidade dos produtos;
3️⃣ Realizar compras públicas estratégicas, via Conab e PAA, para absorver o excedente interno;
4️⃣ Harmonizar os sistemas de inspeção sanitária (SIF, SISBI, SIE e SIM);
5️⃣ Revisar a carga tributária sobre a cadeia leiteira;
6️⃣ Fiscalizar a rotulagem dos produtos importados, garantindo igualdade de regras.
“As entidades estão certas: precisamos de ação coordenada, e não de discurso. Santa Catarina está liderando essa reação nacional”, afirmou Cobalchini.
O movimento ganha força no Sul
O Movimento em Defesa do Leite Brasileiro avança por câmaras municipais e prefeituras do Sul.
Cidades como Chapecó, Concórdia, Abelardo Luz, São Bernardino e Faxinal dos Guedes já aprovaram moções de apoio ao PL 4.309/2023, de autoria da deputada Daniela Reinehr (PL-SC), que proíbe a reconstituição do leite em pó importado para venda como leite fluido — prática que desequilibra o mercado e destrói a renda do produtor.
“Cada moção é a voz do interior gritando por respeito. Nosso produtor merece um país que compre dele, não de fora”, declarou Daniela.
A parlamentar confirmou que o projeto já foi aprovado nas comissões de Agricultura e Finanças e aguarda análise final na CCJ, antes de seguir ao plenário da Câmara.
“Vamos encher a Esplanada de vacas”
O tom subiu.
O deputado Pezenti (MDB-SC), que foi diagnosticado com dengue e por isso não pode comparecer ao debate, afirmou que se o governo continuar inerte, o campo vai às ruas – literalmente. A parlamentar não descartada inclusive, que vacas sejam trazidas para ocuparem o famoso gramado em frente à Esplanada dos Ministérios, em Brasília.
“Eu vou ser o cara que vai abrir o registro do caminhão de leite na frente do Palácio do Planalto. O mundo precisa ver como esse governo trata o produtor de leite”, disse.
Pezenti criticou o Departamento de Defesa Comercial (DECOM/MDIC) por ter alterado um entendimento de mais de 20 anos, passando a considerar que o leite em pó não é similar ao leite líquido, o que, segundo ele, abre brecha para dumping e beneficia importadores.
“Estão recebendo dinheiro dessas empresas? Isso não é acusação, é provocação”, disparou o parlamentar, que promete mobilização nacional, caso Brasília siga ignorando o tema.
O recado final de Cobalchini
Encerrando a audiência, Valdir Cobalchini reforçou a urgência de uma política de proteção ao produtor e à indústria nacional.
“Não é só uma pauta econômica, é social. O leite está no prato das famílias e na renda de milhares de catarinenses. O governo precisa acordar, ou teremos um êxodo silencioso no campo.”





