Cidades Inteligentes e o Futuro de Santa Catarina: desafios e oportunidades para os municípios catarinenses. Por Marcilei Vignatti

Artigo de Marcilei Vignatti, professora, vereadora e Presidente da UVESC

Barcelona (Espanha), novembro de 2025 — Participar da Missão Internacional Barcelona 2025, promovida pela Fundação de Estudos e Pesquisas Socioeconômicos (Fepese), foi uma experiência transformadora. Durante uma semana de imersão, gestores públicos, parlamentares e lideranças empresariais de todo o país puderam conhecer de perto o que há de mais avançado no mundo em inovação urbana, sustentabilidade e governança inteligente.

O ponto central dessas discussões, realizadas em visitas técnicas, encontros institucionais e no Smart City Expo World Congress, o maior evento global sobre cidades inteligentes, é um só: como usar a tecnologia e o conhecimento para tornar as cidades mais humanas, sustentáveis e eficientes. Foram mais de 25 mil participantes de 130 países debatendo o futuro urbano sob perspectivas que unem meio ambiente, energia limpa, mobilidade, inclusão e transformação digital.

Inovação que inspira soluções reais

O aprendizado que trago de Barcelona é claro: uma cidade inteligente não se define apenas pelo uso de tecnologia, mas pela capacidade de integrar pessoas, processos e políticas públicas em favor do bem comum.

Conhecemos exemplos inspiradores de mobilidade elétrica, gestão de resíduos com rastreabilidade, planejamento urbano orientado por dados e infraestrutura verde, aplicados em cidades como Barcelona e Girona. Também visitamos instituições como o Institute for Advanced Architecture of Catalonia (IAAC) e o Parque de Pesquisa e Inovação da Universidade de Girona, que demonstram o poder do trabalho colaborativo entre governo, academia e iniciativa privada.

Essas práticas comprovam que inovação não é apenas um discurso moderno, é uma ferramenta estratégica para gerar desenvolvimento econômico, melhorar a vida das pessoas e fortalecer a gestão pública.

Santa Catarina: um estado que também inspira o mundo

Ao mesmo tempo, é importante reconhecer que Santa Catarina também é referência nacional e internacional em inovação. Temos experiências bem-sucedidas em diferentes regiões, conduzidas por instituições que são verdadeiros motores do desenvolvimento.

Entidades como a Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação, a Fepese, a Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE), a Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia do Oeste (DEATEC), além de universidades, fundações de apoio e os polos regionais de inovação espalhados pelo estado, formam um ecossistema dinâmico, cooperativo e conectado com o mundo.

Essas instituições já desenvolvem parcerias internacionais, programas de incentivo à economia criativa e projetos voltados à transformação digital dos serviços públicos. É um movimento que aproxima o poder público da ciência e do empreendedorismo, e que mostra que Santa Catarina não apenas aprende com o mundo, mas também ensina.
Diversas iniciativas catarinenses, em cidades como Florianópolis, Joinville, Chapecó, Blumenau, Lages e Jaraguá do Sul, já estão inspiradas em modelos internacionais de cidades inteligentes, adaptados à nossa realidade. São exemplos concretos de que inovar é possível quando há planejamento, diálogo e cooperação.

O que esse novo ecossistema pode trazer para Santa Catarina

Nosso desafio agora é aprofundar a integração entre municípios, governos, instituições de ensino e sociedade civil, fortalecendo um ecossistema de inovação colaborativo e inclusivo, que estimule o aprendizado mútuo e o compartilhamento de boas práticas.

Cidades inteligentes trazem vantagens concretas:

  • Desenvolvimento econômico, ao atrair novos negócios e impulsionar setores como tecnologia, energia limpa e mobilidade.
  • Eficiência administrativa, com processos digitais que reduzem custos e aumentam a transparência.
  • Sustentabilidade ambiental, por meio de políticas de gestão de resíduos, energia renovável e transporte coletivo inteligente.
  • Inclusão social, garantindo acesso igualitário aos serviços públicos e oportunidades para todos.
  • Melhoria da qualidade de vida, ao transformar o espaço urbano em um ambiente mais seguro, conectado e acessível, com mobilidade eficiente.

Esses benefícios se somam à capacidade de planejamento e tomada de decisão com base em dados, tornando o poder público mais ágil, assertivo e preparado para responder às necessidades dos cidadãos.

O papel do legislativo municipal

Como presidente da Federação das Câmaras de Vereadores de Santa Catarina (UVESC), acredito que o legislativo municipal tem um papel decisivo nessa transição. São os vereadores que transformam ideias em leis, fiscalizam a execução das políticas públicas e aproximam o cidadão das decisões de governo.

Precisamos investir na formação continuada dos parlamentares e em projetos de lei que incentivem a inovação, estimulem parcerias público-privadas e criem ambientes de experimentação tecnológica. O futuro das cidades catarinenses será tanto mais promissor quanto maior for a capacidade de seus legisladores de compreender e conduzir essa mudança.

Cooperação e visão de futuro

A Missão Internacional Barcelona 2025 reforçou a importância da cooperação entre poder público, setor produtivo e sociedade civil. Essa é a base de um novo modelo de gestão urbana, participativo, sustentável e orientado por resultados.

Volto dessa experiência com a convicção de que as cidades catarinenses podem, e devem, liderar esse movimento de transformação. Temos talento, estrutura institucional e vontade política para construir um futuro em que a tecnologia não substitui o humano, mas o fortalece.

O caminho para o desenvolvimento passa pela inovação, pela sustentabilidade e pela colaboração. O futuro das nossas cidades começa agora, e ele depende das escolhas que fazemos hoje.

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